A ideia de um tributo ao Second Come surgiu em 2009 quando Fábio L., vocalista e guitarrista da banda faleceu repentinamente. A iniciativa veio dos amigos e bandas que frequentam a lista de discussões do midsummer madness.
Três anos depois, o tributo é lançado. Antes que perguntem o porquê da “demora”, basta dizer que não houve lentidão; as coisas têm seu tempo. O tributo será lançado online aqui no site do midsummer madness e também em CD digipack. As versões foram organizadas seguindo uma ordem: primeiro as versões do disco “You”, depois as versões das faixas das demos, em seguida, as versões do disco “Superkids, superdrugs, supergod and strangers” e fechando o tributo, uma versão para uma música gravada no Acústico do programa College Radio que nem título tinha.
Ao todo, 29 bandas participam. Todas as músicas serão disponibilizadas aqui no site para streaming e download e 23 delas estão na versão CD do tributo. Faixa a faixa, quem compoe o projeto:
01 – LOOMER (RS) – “I feel like I don’t know what I’m doing”
a banda gaúcha foi durante todo o processo a mais empolgada com tributo. Sua versão para “I feel…”, faixa que abre o primeiro disco do Second Come, já era executada nos shows do Loomer. Ficam claras as influências que o Second Come tinha de Swervedriver, Dinosaur Jr. e my bloody Valentine, escancaradas nesta versão. Por causa da beleza e do barulho da versão, “I feel like I don’t know what I’m doing” abre o tributo.
02 – BLANCHE (RJ) – “Ten Fingers”
projeto do produtor e DJ Jenner com a cantora Bianca Zampier sob o codinome Blanche resultou numa versão ácida e nada new wave de uma das músicas mais conhecidas dos shows do Second Come. Jenner é contemporâneo do SC, frequentou vários ensaios, gravações e shows da banda.
03 – LÊ ALMEIDA (RJ) – “Run run”
coube ao mago do lo-fi psicodélico carioca Lê Almeida refazer a mais clássica de todas as músicas do Second Come, hit das demos e do primeiro disco. Lê engabelou na letra mas manteve as guitarras agudas e o distortion ligado do começo ao fim, como fazia Fábio. Nesta versão fica clara a influência da simplicidade beirando o lo-fi da música do Second Come, sempre empunhada com muito orgulho na guitarra Gianinni safadíssima que Fábio usava. Lê já tocava “Run run” em seus shows.
04 – SNOOZE(SE) – “704”
inédita quando “You” foi lançado, “704” mostra o que o Second Come era capaz se tivesse um bom estúdio nas mãos. A quase contemporânea banda sergipana Snooze queria tocar outra música mas acabou fazendo uma belíssima versão. A voz da Fabinho, com alguma empostação a mais, se aproxima incrivelmente da voz de Fábio nesta versão.
05 – SUBBURBIA (PR) – “God and Me”
com a ajuda inestimável do jornalista e produtor Abonico Smith, de Curitiba, fã incondicional do Second Come, chegou até nós esta incrível versão do Subburbia, que adicionou samplers, bateria eletrônica e efeitos na voz para chegar perto de como o SC se sairia numa pista de dança. Baixo marcante de Francisco Kraus na música original facilitou bastante as coisas.
06 – THE OORT CLOUDS (RJ) – “The shower”
com o ex-baixista do Second Come, Francisco Kraus em sua formação, The Oort Clouds é a oportunidade de imaginar como o SC seria se continuasse tocando. Francisco já passou por Jess Saes e Terrible Head Cream, ambas do midsummer madness, até chegar ao Oort Clouds. E a versão escolhida foi “The Shower”, uma das primeiras músicas compostas por Fábio, Francisco e Fernando Kamache, ainda na primeira demo do SC.
07 – MAUK & THE CODFISH (RJ)- “Mouse”
Mauk também é contemporâneo do Second Come com sua lendária banda Big Trep. Maurício Garcia hoje atende pelo codinome Mauk onde tem registrado seu trabalho solo. As influências rockabilly ficaram muito bem colocadas nesta versão de uma música famosa da época das demos do SC e que saiu com título de “You” nas faixas bônus da versão CD do primeiro disco homônimo. Mauk aproveitou a deixa de “I’m a mouse” para chegar bem perto do “I’m mauk!”. Outro destaque desta versão é a companhia luxuosa de Codfish, vulgo Bacalhau, baterista do Autoramas.
08 – THE TAMBORINES (UK) – “Shoes”
também com ajuda de Abonico Smith e entusiasmo contagiante da banda, o Tamborines resolveu mandar sua versão direto dos headquarters da banda em Londres para o tributo. “Shoes” era outra música que empolgava nos primeiros shows do SC e a energia depositada por Henrique Laurindo e cia. nesta versão deixam isso ainda mais nítido. As guitarras à frente, a melodia repetitiva das letras – pode causar bom resultado nos shows londrinos caso a banda resolva incorporar a versão ao seu set.
09 – MUSIC SETTLEMENT (SP)- “Violent Kiss”
Eduardo Ramos não viu nenhum show do SC mas quando montou o seminal selo Slag sabia da impotância da banda e de sua luta para criar alguma estrutura à sua volta. Não é à toa que todos nós tinhamos fanzines e montávamos gravadaoras . Em sua versão chill-wave para a acelerada “Ósculo violento”, Du preferiu desacelerar, numa decisão que surpreenderia o SC hoje. Mas quem conviveu com a banda sabe que a pegada bossa-nova da voz e o clima relaxante dos arranjos agradariam em cheio à Fábio e Francisco. “Violent Kiss” é outro clássico escondido das primeiras demos do SC.
10 – JOHANN HEYSS (RJ) – “High high”
Johann morava em Niterói e era amigo de Fábio antes mesmo do SC se formar. Johann tem seu trabalho com música eletrônica desde aquela época. Johann e Fábio chegaram a tocar juntos no projeto Polystyrene (lançado pelo midsummer madness). “High high” é a música que abre o 2º álbum do SC, “Superkids, superdrugs…” e estabelecia uma nova frequência para o SC: em vez de “Run Run”, “High high”. As influências de Johann sempre casaram bem com esta nova frequência. Junto com ele nesta versão, Syntetik.
11 – SOFT & MIRABELS (RJ) – “Interference”
Marcos Araújo viu vários shows do Second Come como editor do fanzine FANZ. Escreveu matérias sobre a banda e sempre foi fã de carteirinha. Quando soube do tributo, gravou não apenas uma mas duas versões… como a outra música já estava reservada, o Soft & Mirabels, banda do Marcos, entrou com esta releitura punk de “Interference”.
12 – DASH (RJ)- “My Cancer”
quem poderia imaginar! O Dash dividiu o palco algumas vezes com o Second Come. A banda era formada por Simone do Vale, vizinha e amiga de longa data de Fábio, ex-guitarrista do Squonks (banda de Niterói que dividiu shows com SC) e ex-baixista do Autoramas, Kadu Carlos, ex-baterista do Second Come que gravou todo o disco “You”, Francisco Kraus (ex-baixista do Second Come), Bruno Montana (guitarra) e Marianna de Oliveira (guitarra). E eles se reuniram para gravar “My Cancer”, música de trabalho do 2º álbum do Second Come. Sobrou uma deixa de “Wait” no final…
13 – CASSIM & MUTLEY (SC) – “Wait”
A “Wait” do SC dura menos de 1 min. Várias bandas deste tributo queriam tocar esta música. Mas quem entendeu e surpreendeu foram Cassiano Fagundes (Cassim & Barbária) e Mutley (Superbug, Os Gambitos), que transformaram “Wait” numa coisa Violent Femmes espacial, com destaque para a voz andrógina marcante de Cassim.
14 – BEALLY (RJ)- “Scraper”
Yuri Pinta tocou com Francisco Kraus no Oort Clouds. Antes disso, em Nova Friburgo, já acompanhava com carinho as coisas do underground carioca. Mesmo não sendo “da época” do SC, entregou uma emocionante versão para “Scraper”, com violões acústicos, voz e efeitos à la Boo Radleys (uma das bandas favoritas de alguns integrantes do SC). Mas na hora de pisar nos pedais e afundar a voz, o Second Come apareceu ainda mais na versão de Beally. Com direito a palminhas pop.
15 – ENSEADA ESPACIAL (RJ) – “Little friend atmosphere”
Sol Moras e Beatriz Lamego eram audiência assídua nos shows do Second Come, mesmo sem conhecer um ao outro. Já um casal, Bia e Sol tocaram com Fábio no Stellar e no Polystyrene. A versão etérea para “Little Friend” foi uma das primeiras a ficar pronta para o tributo. A versão do Enseada é mais do que um tributo a um grande amigo.
16 – HAN(S)OLO (MG) – “She Could Melt the Sun”
talvez a banda “não contemporânea” que melhor tenha entendido as influências do Second Come, Han(s)olo deixou “She Could Melt the Sun” quase como um tributo ao Stooges, o que tem tudo a ver. Não faltou nem o tecladinho. Leandro F. Rosa tocou todos os instrumentos, o que deixa a versão ainda mais atraente.
Vídeo para versão:
17 – SUPERCORDAS (RJ) – “Grapes”
na fase “Superkids…” uma das bandas favoritas de metade do Second Come era Spiritualized e o Spacemen 3. E isso ficou bem claro na versão do Supercordas, outra banda que não existia na época do SC mas que entendeu muito bem a ideia. Reggae, psicodelia, folk e outros ingredientes que não cabiam na fórmula do SC encaixaram perfeitamente, um clássico já neste tributo!
18 – BABIES – “It’s wrong”
formada em 2007 por integrantes de extintas bandas de Curitiba e do Rio de Janeiro, a Babies trouxe de volta as guitarras potentes e o baixo forte das músicas do Second Come. Outra feliz sugestão de Abonico Smith.
19 – DOIS EM UM (BA)- “Looking smiles”
Luisão Pereira estava começando sua banda Penélope Charmosa quando o Second Come estava encerrando as atividades. Luisão conhece e gosta desde aquela época. Mais uma banda que gostaria de ter escolhido outra música para fazer a sua versão… mas o que poderia ter saído mais emocionante que esta releitura com piano e cello de Luisão e Fernanda??? A versão que menos se aproxima do som do SC mas ao mesmo tempo a mais intensa e versátil. De chorar de bom!
20 – CACTUS CREAM (RJ) – “Gashead”
Cactus Cream também dividiu palcos com Second Come, principalmente no Garage. Paulo, Artur e Leandro conhecem bem os detalhes das melodias mas foram além e conseguiram modernizar e melhorar uma música do 2º álbum.
21 – NERVOSO E OS CALMANTES (RJ) – “You’re coming / Fever dream trip”
Outro contemporâneo, de dividir palcos na sua banda Beach Lizards, Nervoso esteve presente à inúmeros shows do Second Come. Arquitetou nesta versão um arranjo orquestral solene que supreende. Com muito carinho e esmero, prosseguiu na “Fever dream trip” num tom meio Beach Boys Smiley, trombones e cordas, uma marcha! A música conta ainda com a participação luxuosa de Kadu , ex baterista do Second Come, segurando as baquetas.
22 – THE CIGARETTES (RJ)- “You’re coming / Fever dream trip”
Marcelo Colares também conviveu com Second Come e poderia facilmente ter tocado no mesmo palco com o Cigarettes. Fábio fez o desenho da capa do 1º disco de Colares, “Bingo” e também cantou na faixa “Blues” deste disco. Nada mais óbvio do que incluir esta homenagem de Colares ao Second Come, gravada em casa, em Itaperuna.
23 – PELVS (RJ) – “The Great Broken Tree”
ess versão foi uma confusão. Ninguém lembrava desta música, nem mesmo ex integrantes do Second Come. Ela foi gravada num Acústico para o programa College Radio da extinta Fluminense FM. Fomos buscar os arquivos do Acústico, e lá estava ela… Mas qual o nome da música? Nem Francisco (ex-baixista do SC) sabia. A Pelvs carinhosamente a nomeou como “The Great Broken Tree” que é uma das frases do refrão. E mais uma vez a Pelvs mostrou sua genialidade. Mesmo que você não conheça a versão original, a cover que a Pelvs gravou basta.
Além das 23 versões que estão no CD, outras 6 músicas fazem parte do tributo e estarão disponíveis somente na versão online. São elas:
24 – LUISA MANDOU UM BEIJO (RJ) – “Cinco e vinte seis / I feel like I Don’t know what I’m doing”
a banda já havia desnorteado fãs da Pelvs quando fez de “Lidia traída” uma versão para “I don’t want but she tried”. E agora eles repetem a dose. Se você não conhece “I feel like I don’t …” do Second Come, talvez ache que “Cinco e vinte seis” é uma música inédita do Luisa mandou um beijo… mas não é. Pode não agradar a todos, mas é genial e corajoso.
25 – DELTA COCKERS (PR) – Sedative Distortion (PR)
a dupla curitibana também provavelmente nunca foi a um show do Second Come. Que bom! Talvez tenham escutado “Sedative Distortion” numa pista de um clube. Melhor ainda! E assim ficou a versão deles para uma música reta, quase malvada: sexy e suja. Junto com Subburbia e Johann, levaram o SC pros estrobos.
26 – ESSENTIAL TENSION – “Shoes”
outra banda que já havia encerrado suas atividas há bastante tempo mas que resolveu se reunir para participar do tributo… O Essential Tension existiu no começo dos anos 90, quando SC tinha acabado de acabar. Pedro Paulo (Luisa Mandou um Beijo) e alguns integrantes esporádicos do Driving Music resolveram pegar a música favorita do primeiro disco do SC e regravar. O resultado é folk de um churrasco ensolarado depois de muita cerveja e outras coisas na cabeca, outro exemplo das influências nunca imaginadas que o Second Come deixou.
27 – LEELA (RJ) – “Deafening sounds on my mind”
no começo dos anos 90, Bianca Jhordão e Rodrigo tocavam no Pólux, Bianca ainda apresentava um programa de rádio em Petrópolis e confessa ter tocado algumas músicas do Second Come em seu programa. Hoje no Leela e no Brollies & Apples, Bianca e Rodrigo foram radicais e escolheram uma música pouco conhecida da primeira demo do Second Come, quando a banda ainda parecia alguma mistura entre Manchester e Seattle. Nesta versão com guitarras ainda mais poderosas que as do SC, Bianca tocou bateria, uma novidade que ela traz de sua experiência no B&A.
28 – DEAD WANNABES(RJ) – “Airhead”
outra versão do produtor e DJ Jenner, desta vez acompanhado por Peter Strauss e Nervoso, para uma música do 2º álbum do Second Come. Jenner, Peter e Nervoso conseguiram realçar o tom sombrio e existencial das letras do Second Come.
29 – BABE FLORIDA (RJ) – “Wait”
a música mais desejada. A música que dura um minuto. Babe Florida com Lê Almeida mostraram que tanto quanto Guided By Voices, o Second Come também é uma influência e a re-executaram com extrema precisão. Dura exatos 1 minuto. “I’ waiting for you / I’m losing my time”.
Escute e compre a versão digital em:
Bandcamp – https://midsummermadness.bandcamp.com/album/tributo-ao-second-come
iTunes: https://itunes.apple.com/us/album/id665775302
Rdio: https://rd.io/x/Qj50bF8/
Spotify: https://open.spotify.com/album/2AmxZBjbBV5YTLgEidHPvz
O que estão falando a respeito:
Um dos grandes registros do Tributo é essa versão pra “I Feel Like I Don’t Know What I’m Doing”, do álbum de estreia “You”, feita por ninguém menos que a Loomer, a banda que herdou a barulheira e a chiadeira generalizada dos homenageados.
Botequim de Ideias.
O disquinho já abre com a fantástica e versão do Loomer para “I feel like I don´t know what I´m doing”, que foi a primeira a ficar pronta, com muito peso, recheada de microfonias e voz a la My Bloody Valentine, que (sem brincadeira) já fazem nossos olhos encherem d´água com saudades do Second Come.
Rock Press
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