Teatro Odisséia, 16 de maio de 2006
Noite de terça-feira, chuvosa e fria pros padrões cariocas. Se o público local já é temperamental nos dias mais quentes, aquela noite prometia enfiá-los debaixo das cobertas para no dia seguinte acordar cheios de disposição, sentar no computador e reclamar em blogs e listas que a cidade maravilhosa é um túmulo do rock, que nada acontece, blá-blá-blá
Os poucos mais de 100 presentes entretanto, banquetearam-se com shows de Supercordas, Verbase, Jess Saes e Luisa Mandou Um Beijo. Vale ressaltar que o único representante “oficial” da imprensa era Pedro Omar do site SenhorF. O resto da galera estava no Prêmio Multishow…pfffff ! Não é por acaso que ezines batem os grandes jornais e revistas (Globo, JB, Bizz) há alguns anos no quesito informação relevante.
O show começou com um atraso não previsto de 1h. Tudo por conta do tal assalto com reféns que aconteceu na Lapa na mesma noite. Trânsito parado, pessoas atrasadas. Supercordas (na foto) subiu ao palco com set reduzido, antes exibiram o clipe. Tocaram músicas que eu conheço, da época de “Pior das Alergias” e “Da Órbita de um Sugador”, e algumas novas. Arrancaram elogios de todos.
Verbase veio em seguida. É impressionante o quanto Anderson e cia. são safos. Nunca passam som, sempre chegam na hora combinada, sobem no palco e tocam com extrema competência! O clipe de “Quando ela chegar” foi exibido antes do show e em breve estará na MTV. No meio do set, uma surpresa “She bangs the drums” do Stone Roses. Ao contrário de uma dezena de bandas indies que acham que tocar um hit de uma banda super conhecida não é cool o suficiente, o Verbase acertou na mão e, mesmo sendo um trio, executou com perfeição o clássico. Pra terminar, um pedacinho de Slayer, só pra lembrar o Algumas Pessoas de 2005.
Uma das atrações da noite era o show do Jess Saes, que estava finalmente fazendo seu show de lançamento do cd de estréia. Luzes baixas, um telão no fundo e projeções de clássicos como “Mad Max”, “2001 – A Space Odissey”, “O Processo”, “Barbarella”, “Blow Out” e “Dr. Mabuse”. Tocaram o disco quase na íntegra, trocando “Nebulosas” por “Palavras Azuis”. A potência costumeira, a experiência de palcos nem sempre adequados e, apesar da gripe do baixista Francisco e da impossibilidade de testar o som antes do show, Jess Saes apresentou mais uma vez um show hipnótico do começo ao fim. Sempre que me perguntam como é o som e eu digo progressivo, torcem o nariz. Tudo bem, posso estar falando besteira porque nem conheço rock progressivo direito e nunca vi um show destas bandas, mas é o que me lembra e eu acho bom. Pros indies xiitas, pense em Quickspace, ou num Spacemen 3 bem mais pesado. E o show é isso, quem embarca, viaja.
Já eram quase 2h da manhã de quarta feira quando o Luisa Mandou Um Beijo subiu ao palco. Metade da platéia inicial ainda estava no Odisséia. Foi ai que eu não resisti e subi ao microfone para contar a historinha do 1º show do Sex Pistols em Manchester. Quem conhece New Order, Factory, sabe do que eu estou falando. E foi um elogio. Antes do show do Luisa, exibiram os clipes de “Amarelinha” e “Guardanapos”. Quem ainda não viu, basta descer algumas postagens pra baixo e ver. Com a baterista Fernanda substituindo o titular Luciano, o show contou um set com músicas do 1º disco e poucas novidades, entre elas a não tão nova “Lidia Traída” que é uma versão em português de “I don’t want” da Pelvs. 3h da manhã e mesmo terminando o show com “Anselmo”, o público pediu bis.