19/12/2019 -RETROSPECTIVA 2019

14/06/2019 – UM CASO DE AMOR COM O PIN UPS! SAIU “LONG TIME NO SEE”

07/06/2019 – PIN UPS LANÇA SINGLE COM PARTICIPAÇÃO DE GUITARRISTA DO SUPERCHUNK E ANUNCIA SHOWS

PinUps_IvanShupikov_SHPK5476_Web foto por Ivan Shupikov

Pin Ups surgiu em Santo André, ABC paulista, em 1988 quando Zé Antônio Algodoal e Luis Gustavo decidiram montar uma banda influenciados por sons que não eram muito comuns no Brasil, nem mesmo na cena alternativa de então. A intenção era criar uma banda calcada no regressive rock que Primitives, Birdland e Primal Scream andavam explorando no final dos anos 80.

O primeiro show aconteceu meio no susto, com o Pin Ups tocando numa festa da revista Monga no Madame Satã (São Paulo), tendo Ratos de Porão como atração principal. Com Zé Antonio na guitarra, o baterista Alexandre Kail, o vocalista André Benevides e o então baixista Luis Gustavo, o Pin Ups fez seu primeiro show ainda em 1988.

As mudanças de formação começaram em 1989 com Marquinhos (da banda Virgens Lagartos) assumindo as baquetas depois de alguns shows com um tape-deck fazendo as vezes de drum-machine. Segundo Zé Antônio, “os shows eram um barulho dos infernos, microfonia do começo ao fim… mas as pessoas adoravam!“.

E assim, o Pin Ups seguia tocando até a abertura do Espaço Retrô, uma nova casa noturna no bairro de Santa Cecília, em São Paulo. Como boa parte da pequena cena que se formava em torno destes então “novos sons” circulava no Retrô, alguns contatos interessantes começaram a aparecer.

Em 1989, a fama dos shows do Pin Ups já havia gerado um convite para lançar um álbum pela Vinil Records. Mas Thomas Pappon (Fellini, The Gilbertos, Smack, Voluntários da Pátria) que trabalhava no selo Stiletto, e estava lançando no Brasil discos da 4AD, Factory e de outros selos ingleses, passou ne frente e assinou com o Pin Ups.

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Luis Gustavo, Zé Antônio, Alê Briganti e Marquinhos

A promessa de gravar um álbum não foi muito além de remasterizar as músicas já gravadas e “Time Will Burn“, o disco de estreia do Pin Ups, saiu em 1990. Falando para o site Pequenos Clássicos Perdidos, Zé Antônio lembrou que o disco “é mais uma compilação de demos que qualquer outra coisa. Algumas poucas faixas foram gravadas no estúdio do guitarrista Rainer Pappon, que estava absolutamente de saco cheio da gente, e outras num estúdio no bairro de Santana em um Tascam de 4 canais (uma espécie de estúdio portátil)“.

Sobre o álbum, Thomas Pappon disse à Brasil 2000 FM em 1989 – “… lançamos os Pin Ups e tal… é uma fita que não tem… engraçado, é muito curioso porque as gravadoras em geral não trabalham com os padrões que nós trabalhamos. Se a fita demo tem um som que representa a identidade da banda, vamos lançar! E apesar dos problemas técnicos com a fita dos Pin Ups a gente botou na praça…

O show de lançamento seria no mesmo Espaço Retrô e, depois de algumas mudanças de formação, o trio virou um quarteto com a entrada da Alê Briganti como baixista, enquanto Luis Gustavo se dedicaria apenas aos vocais. Alê foi apresentada ao trio dias antes do show de lançamento de “Time Will Burn” e se recorda da recepção dura e fria.

Quando lançado, “Time Will Burn” não agradou em cheio a todos jornalistas. Lembrem-se: em 1990 internet era um sonho de ficção científica. Naquela época, qualquer banda dependia de espaço na mídia para vender discos. Apesar de ter passado longe da unanimidade, o disco teve boa distribuição nacional (a Stiletto tinha distribuição da CBS, que viria a se transformar na atual Sony), com o Pin Ups fazendo pouquíssimos shows fora de São Paulo.

Enquanto isso, nos escritórios da Stilleto, um prometido segundo disco nunca saía do papo. Até que um belo dia, da maneira mais estranha possível, a banda descobriu que a Stiletto tinha acabado. O Pin Ups foi visitar o escritório da gravadora e encontrou apenas uma sala vazia. As masters de “Time Will Burn” são consideradas até hoje como perdidas porque ninguém nunca soube do paradeiro de Lawrence Brennan, dono da Stiletto.

pin_ups_entrevista_midsummer_madness_1991midsummer madness entrevistando Pin Ups em 1991

A boa repercussão do Pin Ups e seus constantes shows em São Paulo animaram a pequena loja Zoyd! a se transformar num selo. O segundo álbum, “Gash” saiu em 1992 junto com o álbum de estreia do Killing Chainsaw. Com poucos recursos para gravar, o quarteto achou por bem registrar um repertório de músicas menos barulhentas. A escolha por um disco “calmo” também refletia o desejo de todos na banda de registrar os ensaios e shows voz e violão, onde eles experimentavam com influências de Spacemen 3 e Loop.

A discografia da comentada do Pin Ups no site Muzplay escreveu a respeito desse disco: “…repleto de baladas acústicas e psicodélicas, bem antes dos irmãos Gallagher formarem o Oasis. Um disco primoroso melodicamente. Enquanto o Spacemen 3 mal era conhecido por aqui, o Pin Ups gravou um disco “viajandão” que tinha até cítara (“Ganesha”). (…) Foi em “Gash”, já contando com Alê na formação, que a baixista deu os primeiros passos, ou melhor, cantou os primeiros versos (na cover “A Day in the Life”, dos Beatles) e, três anos depois, assumiria os vocais titulares da banda“.

O terceiro disco, “Scrabby?” começou a ser gravado no ano seguinte com produção de João Gordo, vocalista do Ratos de Porão. No começo daquele ano, o Nirvana havia passado pelo Brasil e Kurt Cobain e Courtney Love tiveram como anfitriões Alê e João Gordo, que eram namorados. O Pin Ups andava empolgado com os barulhos garageiros vindos de Seattle e, sentia-se em casa como representante daquele tipo de som no Brasil. Resultado: “Scrabby?” sai um álbum ainda mais agressivo, pela Devil Discos – outra gravadora surgida de lojas da Galeria do Rock em São Paulo. Numa entrevista para Richard Cruz, Zé Antônio explicou: “Acho que o RH Jackson foi o verdadeiro produtor desse disco. A verdade é que o João até ajudou a catalisar algumas idéias de peso, mas o Jack (RH) foi quem nos deu os elementos para que isso acontecesse.

Todos relatos dão conta de uma gravação tensa, cheia de brigas e desentendimentos. Mas a explicação mais simples para esse clima estava na rotina apertada de todos integrantes, que só conseguiam entrar em estúdio durante a madrugada. Apesar disso, o quarto disco entrou em produção em 1995. “Jodie Foster” teve uma gravação ainda mais complicada, segundo relatos do Zé Antônio e da Alê.

Assim que o disco ficou pronto, no dia que a banda combinou de fazer as fotos de divulgação (como esta abaixo), Luis Gustavo comunicou que estava deixando o grupo. Logo depois foi a vez de Marquinhos (que passou a assinar Marco Butcher). A partir dai, Alê assumiu os vocais, Flávio Cavichioli entrou na bateria e Eliane Testone na segunda guitarra (ambos vindos da Dog School).

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foto por Ronaldo Miranda

O Scream & Yell escreveu o seguinte sobre “Jodie Foster”: “As microfonias da vinheta de abertura do disco não estão lá de enfeite (tanto que elas também o encerram)(…). Com um dos melhores riffs da carreira da banda, as guitarras estão sobrepostas a um vocal que mostrava sinais de evolução e havia finalmente saído da sombra de Lou Reed. A sonoridade do disco está impregnada pela influência das guitar bands norte-americanas (…) “Witkin”, cantada de maneira suave pela baixista, ficou meio deslocada do resto do álbum,(…) Mas a faixa já mostrava qual seria o mote a partir dali: o vocalista Luiz Gustavo foi se dedicar à carreira de (talentoso) cartunista, deixando o microfone livre pra Alê Briganti levar o Pin Ups pra um direcionamento mais acessível“.

“Jodie Foster” foi o primeiro disco do Pin Ups a sair em CD, todos anteriores foram lançados somente em vinil. Nos intervalos entre os discos, o Pin Ups gravou algumas faixas extras que foram lançadas em coletâneas e em edições especiais em fitas cassete numeradas, distribuídas pela banda em shows. “Not For Sale” por exemplo saiu em 1994 com covers de Superchunk, My Bloody Valentine, Teenage Fanclub Beatles e uma música inédita. No mesmo ano a banda lançou também “Acoustical Rehearshal” com versões acústicas ao vivo de Flaming Lips, Sebadoh, Rolling Stones, Yo La Tengo, Mudhoney, além de releituras de músicas próprias como “Going On”, “Crack”, “Guts” e “Hard to Fall”.

No ano seguinte o Pin Ups lança o single “Guts” em compacto 7″ de vinil pela Fishy Records, música que entraria no próximo disco. Todos estes lançamentos marcaram o passeio do Pin Ups por vários selos independentes da época, como Spicy (que lançaria o “Lee Marvin”) e Short Recs (que lançaria “Bruce Lee”)

Lee Marvin” foi lançado em 1997 e até hoje é considerado um dos melhores discos da carreira da banda. Alê e Zé Antônio lembram que a banda estava a todo vapor, fazendo vários shows e com uma unidade sonora que não tinha sido encontrada nos anos anteriores. A microfonia dava lugar às influências power pop, bubblegum. Alexandre Sesper (do Garage Fuzz) participou com os vocais em “Fast Cars” e o disco traz ainda versões de “It’s All Right For You” do The Police e “Frontwards” do Pavement. Esse disco foi relançado em 2017, comemorando seus 20 anos de vida, numa parceria entre midsummer madness e Assustado Discos. “Lee Marvin” saiu em vinil transparente.

Bruce Lee” saiu em 1999 e até hoje divide opiniões: é o sexto álbum da banda ou é um EP? O lançamento traz um show acústico de 35 minutos e três músicas novas, entre elas a clássica “To Our Friends”. Nos dois anos seguintes, a atividade do Pin Ups diminuiu drasticamente, com Alê, Elaine e Flávio se dedicando a outros projetos. Em 2001, o Pin Ups fez um show no Olympia (SP) abrindo para o Mudhoney mas com uma formação atípica: Zé Antonio, Luiz Gustavo, o baterista Pedrinho (ex-Killing Chainsaw), Chuck Hipólitho (Vespas Mandarinas) e Ramon Bonzi (ex-Strada).

Depois desse show, o Pin Ups ficou parado.

Entre 2013 e 2016, a banda começou a ser muito solicitada a dar entrevistas para livros e documentários, sendo que dois destes filmes têm a banda como personagem principal: “Time Will Burn“, de Marko Panayotis e Otávio Souza; e “Guitar Days“, de Caio Braga (este ainda será lançado em Junho de 2019).

Fim do show. Despedida? Fim do show. Despedida?

Eles então anunciam um “show de despedida” que aconteceu no SESC Pompéia em 2015. A noite que deveria ser o epílogo se transformou numa pulga atrás das orelhas de Alê Briganti, Zé Antonio e Flávio Cavichiolli. No final do show, Alê perguntou: “Aonde vocês estavam 10 anos atrás?” para em seguida anunciar que aquele seria o último show da banda… em São Paulo!

Pronto, o retorno começava a se tornar realidade.

Estimulados pelo interesse de um novo público, pelo carinho dos antigos fãs e pela entrada de Adriano Cintra (Cansei de Ser Sexy, Madrid, Thee Butchers’ Orchestra) na segunda guitarra, o Pin Ups começou a gravar o seu sétimo (ou sexto) álbum no Estúdio Aurora em São Paulo, a partir de 2018.

Com produção de Zé Antônio, Adriano Cintra, mixagem de Ignácio Sodré, “Long Time No See” traz a participação especial de Pedro Pelotas (Cachorro Grande nos teclados de “Mexican Tale”), Jim Wilbur (do Superchunk com guitarras em “Mexican Tale”), da antiga guitarrista Eliane Testone, agora morando em Londres, nas faixas “Portraits of Lust” e “Little Magic”, de Victor José e Elisa Oieno da banda Antiprisma nas faixas “Ballad for Samuel & Tobias” e “Gone Tomorrow” e Amanda Butler, da banda Skydown em “You Can Have Anything You Want” e “Mexican Tale”

“Long Time No See” foi lançado em vinil,CD e digital pelo midsummer madness em parceria com a Fleeting Media. A arte da capa foi feita por Laurindo Feliciano.


O que andam falando a respeito:
Entrevista e faixa-a-faixa do Scream & Yell sobre “Long Time No See” (2019): aqui
Entrevista sobre “Long Time No See” no Trabalho Sujo (2019): aqui
Discografia Comentada no Scream & Yell (2015): aqui
Entrevista ao Trabalho Sujo sobre o show de “despedida”(2015): aqui

: Contato

: Discografia

Long Time No See (2019)

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Mexican Tale (single) 2019

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Spinning (single) 2019

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Time Will Burn (1989)

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Gash – A Mellow Project by 1992

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Scrabby? 1993

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Jodie Foster 1995

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Lee Marvin 1997

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Bruce Lee 1999

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Guts / You Shouldn’t Go Away 1996

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