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Bia com as Drivellers no Juntatribo 1993

Quando vocês pensarem no midsummer madness, pensem na Bia. Não existiria fanzine, selo, nada disso se não fosse a Beatriz Lamego. Infelizmente a Bia nos deixou na noite de 28/03/2022 depois de quase 4 anos de luta contra um raro cancêr de pulmão. Bia tinha 48 anos.

Foi a Bia quem me apresentou e me explicou o que eram um fanzine, lá pelos idos de 1988. Foi ela também quem me emprestou o vinil do “Psychocandy” do Jesus & Mary Chain com o seguinte aviso: “Você tem que ouvir isso. De preferência com volume no máximo”. Dificilmente a gente discordava sobre alguma banda, eu dividia com ela um amor profundo por Smiths e Galaxie 500, isso lá na Niterói do final dos anos 1980. A Bia é uma dessas pessoas que eu tive a sorte de encontrar.
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Ela era aquela menina “gótica” que eu adorava andar junto, a mesma que fazia sessões de vídeos do The Cure no colégio para ninguém assistir. A Bia virou capa do midsummer madness #5 porque quando eu pensei numa pessoa foda, talentosa, linda e cool na capa do meu zine, essa mulher era ela.

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Cadu, Fabiola, Alê e Bia eram as Drivellers

 

 

Dai ela montou as Drivellers com a minha irmã, a Fabíola e o namorado Cadu já no começo dos anos 1990. E foi para lançar a 2ª fita das Drivellers que o midsummer madness virou uma gravadora em 1994. Ainda pude lançar as fitas do Stellar, que ela ajudou a formar junto Leandro, Fábio L. (Second Come) e Cadu.

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Stellar em 1995

O midsummer madness também lançou o Kinetkit Ravecamp que ela participou junto com Sol Moras, Dodô e Alexandre. Só não lançamos o Enseada Espacial, projeto caseiro que ela tinha com o Sol, seu companheiro até o fim da vida.

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Bia e Sol entrevistando Damon & Naomi, 2/3 do Galaxie 500, para a PlayTV

A Beatriz Fernandes Lamego era também uma das melhores designers que eu conheci. O bom gosto dela me influenciou e influencia a vida toda. Ela é a responsável por todo projeto gráfico do projeto “30 em 3 – midsummer madness“, criando as capas do vinil, do cd, da cassete e diagramando todo o zine. Para a Bia eu não precisava dar referências, ela sabia qual era a cara do midsummer madness e ainda assim me surpreendia.

Untitled design

Não existem palavras para descrever o quanto que a ausência dela me entristece. Não é de hoje que eu falo que a existência do midsummer madness é em grande parte “culpa” da Bia. Dá um enorme desânimo continuar mas ao mesmo tempo eu tenho certeza que a Bia seria a primeira a desaprovar qualquer ideia de desistência. Então, assim que a poeira baixar, vou colocar as músicas da Bia no digital e inventar mil maneiras de homenageá-la.

I need to walk by the flowers, with someone who can share my face
And it looks like no one can take your place
And I could bleed in sympathy with you
On those days
And I could drink up everything you have
Don’t let it go to waste

I could give you memories
To rival Berlin in the Thirties
I understand your dating bar ways
And I could bleed in sympathy with you
On those days
And I could drink up everything you have
Don’t let it go to waste
Say something warm, say something nice
I can’t stand to see you when you’re cold
Nor can I stand being out of your life
And I could bleed in sympathy with you
On those days
And I could drink up everything you have

Jonathan Richman
na versão do Galaxie 500

“Ricardo” da Pelvs, do disco “Peninsula”, que tem vocais da Bia:

©midsummer madness 1997-2024