matéria no Estado de SP
No Jornal O Estado de SP de hoje, 16/07/2007, caderno LINK.
Do fanzine à fita cassete até o MP3
O dono do selo Midsummer Madness vendia fitas e CD-Rs; agora, vai oferecer todo o seu acervo para download
por Cinthia Toledo
Ele começou despretensioso, fazendo um fanzine sobre bandas de rock alternativo. Só que a brincadeira foi mais longe que o esperado: hoje Rodrigo Lariú é dono de uma gravadora que já lançou mais de 20 títulos, fez mais de 6.000 fitas cassetes e cerca de 20.000 CDs.
Apaixonado por indie rock, ele começou, aos 15 anos, a editar o fanzine Midsummer Madness. Mas queria fazer diferente das outras publicações da época – que, segundo ele, só traduziam dos jornais estrangeiros, mostrando bandas internacionais. “Eu achava o Second Come, que era uma banda dos meus amigos, mais legal que o Nirvana. E se eu, que estava ali perto, não falasse daqueles caras, quem ia falar?”, conta Lariú.
O selo, com o mesmo nome do fanzine, começou em 1991, quando ele passou a mandar fitas cassete para algumas pessoas, testando os artistas que queria lançar. E olha que isso parecia supermoderno, “de vanguarda mesmo”, ri. Pelo correio, chegava um panfleto com detalhes da banda. Se a pessoa se interessasse, mandava de volta a carta com dinheiro guardado dentro, e recebia a fita.
Dezesseis anos depois, Lariú quer fazer algo que nos parece milhões de vezes mais simples: disponibilizar gratuitamente todo o arquivo do selo no site. Até agora, 17, das 60 bandas que já passaram pela gravadora têm seu conteúdo disponível em MP3.
Os EPs dos novos lançamentos também vão direto para o site. “Se a banda fizer um certo sucesso, se baixarem muito as músicas, vamos lançar um CD e vender barato depois dos shows, por exemplo”, afirma.
A gravadora tem site desde 1997, quando o primeiro CD foi lançado. “Naquela época, a internet ainda era muito incipiente. Eu achava que o site era um release eletrônico. Não tinha noção de que isso poderia vender música, promover o selo”, conta Lariú. Para ele, mesmo com as novas tecnologias, o CD nunca vai acabar. E ele garante que isso não é papo: “Não sou mais um romântico, já tenho 34 anos e acho que ele pode virar item de colecionador”.
Apesar de ter entrado cedo na rede, o site parou um pouco no tempo e ficou quase igual até 2005. Era o site de uma gravadora, mas não tinha espaço para músicas, downloads, podcasts. “Não queríamos dar um passo maior que a perna. Tínhamos de ver primeiro qual era o futuro do MP3”, justifica.
Referência no mercado de música alternativa, Lariú também é blogueiro do site Estúdio Zero Km, do Multishow. Além disso, ele apresenta um programa sobre rock brasileiro na Venenosa FM. Dá para ouvir na internet. E ele ainda arruma tempo para ser produtor e diretor de TV e para discotecar na festa Broque, no Rio. “A Midsummer Madness se sustenta. Não paga minha conta de luz e aluguel, mas me devolve o que eu invisto”, afirma.