Lautmusik (“música alta”, em alemão) é uma banda formada no outono de 2006 em Porto Alegre por Alessandra Lehmen (voz e sintetizadores), Cássio Forti (guitarra), Guilherme Nunes (baixo), Murilo Biff (guitarra, viola) e Rodrigo Pratti (bateria). Prati e Lehmen são da primeira formação, ainda como quarteto, que contava com Richard La Rosa (hoje na Loomer) e Marina Jaskulski. O Cassio chegou logo depois, atendendo a um anúncio no Orkut. Essa foi a formação do primeiro show, que aconteceu no Garagem Hermética em fevereiro de 2007.
Depois de 2 EPs, “Black Clouds with Silver Linings” (2007) e “A Week of Mondays” (2008), a banda teve outras formações que duraram pouco tempo, com Álcio Villalobos e Klaus Nickel, até que Murilo chegou em 2009 e Nunes em 2010, para gravar o 1º álbum.
Juntos, no final de 2011, lançaram seu primeiro álbum, “Lost in the Tropics”, produzido por Eduardo Suwa, que já trabalhou com outras bandas locais, como Transmission, Space Rave e Volantes, e segundo a banda, “é uma enciclopédia musical ambulante com uma sensibilidade fantástica pro nosso som. Gostamos especialmente da atenção dele pra nuances e detalhes“, revela Alessandra.
Na época do lançamento, o 1º disco foi incluído na lista dos 10 melhores de 2011 do extinto site Trama Virtual e em várias listas de melhores do ano em todo o Brasil. Ainda em 2011, lançaram o primeiro clipe, “Mai”, que entrou na programação da MTV Brasil, Canal Brasil e PlayTV e também apareceu na NME online.
Em 2012, o Lautmusik abriu dois shows internacionais – dos suecos do Radio Dept no Beco SP; e dos novaiorquinos A Place to Bury Strangers, no Beco RS.
Em 2013, a banda foi escolhida por Robert Smith para abrir o show do The Cure na Arena Anhembi, em SP. “Mandamos link de um clipe nosso respondendo a um post pedindo indicações na página da banda (Cure) no Facebook – na última vez em que olhei eram mais de 20 mil respostas. Ele ouviu e nos chamou“, relembra Alessandra.
“A experiência toda foi surreal: o Robert Smith, o Reeves Gabrels e o Roger O’Donnell chegaram duas horas mais cedo ao Anhembi pra assistir nosso show do backstage, não deixaram que percebessemos pra não ficarmos mais nervosos. Nos cumprimentaram, nos convidaram pra beber no camarim, nos visitaram no nosso camarim levando champagne, conversaram longamente – tudo sensacional e memorável. Nunca esqueceremos a gentileza e a simpatia deles“.
Ainda em 2013, o quinteto lançou o clipe de “Tugboat”, financiado coletivamente. Assista aos clipes do Lautmusik na playlist abaixo.
Em 2015, o Lautmusik lança seu segundo álbum, “Juniper”. Com título inspirado na árvore californiana Juniperus californica, as 10 novas músicas são de autoria de todos integrantes da banda, e geralmente nascem de improvisos em estúdio. As letras são de autoria de Alessandra Lehmen (algumas escritas de antemão, outras improvisadas) e não têm tema definido. Para este disco, ela gravou todos vocais em 2013 e depois foi estudar fora do país, mais especificamente na Califórnia, de onde vem a inspiração para o título do disco. Enquanto isso, a banda gravava as canções em Porto Alegre, com toda calma do mundo. O disco só ficou pronto dois anos depois, em julho de 2015, com Alessandra de volta ao Brasil.
A capa do disco, uma versão estilizada do ramo de zimbro (ou juniper, a tal árvore californiana) é de Marco Rudy, um amigo da banda que desenha para a Marvel e para a DC Comics. Alessandra explica: “Ele sempre gostou muito da gente, os leitores de Superman, Batman podem me ver, e cartazes da banda, escondidos nos quadrinhos“.
Alessandra é a mocinha de óculos escuros em Superman/ Batman nº 76
Lautmusik está em cartazes azuis no fundo de uma edição de Spiderman – 99 Problems nº 1
“Juniper” será lançado numa parceria entre o Lautmusik e o midsummer madness, nas versões digital e CD.
Em 2024, quase 10 anos depois de “Juniper”, o 3º álbum “Broken Bones” é finalmente lançado. A demora foi resultado de mudanças de cidade dos integrantes, compromissos profissionais, e foi alongada com a pandemia de Covid em 2020. Em 2018, Cássio Forti deixou a banda e Murilo assumiu as guitarras sozinho.
Ainda assim, antes da pandemia, a Lautmusik chegou a lançar dois singles: “Little Halo” e “Singalong” que entraram em “Broken Bones”.
As gravações só foram retomadas em 2022 mas ainda assim o disco só foi concluído em 2024, não sem enfrentar mais um atraso com as enchentes em Porto Alegre.
“Broken Bones” tem 11 músicas e é o primeiro disco da Lautmusik como quarteto, com apenas uma guitarra. Também é o primeiro com produção do Rafael Heck e o primeiro com Pedro na bateria. Das 11 músicas, a tradição de ter sempre uma faixa em alemão (“Luftkuss” fecha o disco) se mantém, todas escritas por Alessandra.
Apesar da saga e das mudanças na estrutura, é provável que “Broken Bones” agrade aos fãs dos dois primeiros discos. “Conscientemente, queremos fazer coisas diferentes sempre. Acho que temos um som bem característico, que nos identifica e que não é muito fácil de catalogar ou inserir em um movimento ou gênero, mas a ideia é que os discos sejam sempre diferentes uns dos outros. Mesmo dentro de um disco, a ideia é ter faixas diferentes entre si, experimentar e não repetir fórmulas“, explica Alessandra.
O que andam falando sobre o Lautmusik:
“… o disco surpreende ao se revelar um trabalho mais lisérgico e ainda mais frenético que seu predecessor (vide The Purples and the Greens, Lake Eerie e Stargazer), resultando numa obra dinâmica e concisa que diz a que veio sem rodeios. Recomendado para todos aqueles que desejam ouvir um som oitentista ágil e sem firulas.”
Road to Cydonia
“Você já teve aquela sensação quando você ouve um disco novo e ele faz seu cabelo ficar em pé? Esse é o caso de ‘’ The Purples and the Greens ‘’, faixa de abertura de Juniper, novo álbum dos gaúchos da Lautmusik. Não só é a capa do álbum tristemente bonita, mas a banda encontra-se agora trabalhando em uma direção mais densa, em um mar lamacento pós-punk. ”
Blog Primavera Noise
“Lautmusik orbita os ruidosos mundos do pós-punk 80 e do shoegaze 90, transitando entre a névoa do submundo musical e apostando em melodias soturnas, climas sufocantes e ambientações melancólicas pouco óbvias – mas sempre com muito punch e com uma carga pop nítida – o que surpreende em meio a um ambiente majoritariamente sombrio. Uma das melhores bandas do RS, Lautmusik se aproxima de Joy Division, My Bloody Valentine, Cure, Mogwai e Jesus & Mary Chain, mas consegue manter identidade própria.”
Danilo Fantinel, Blog Volume (RBS)
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“Numa época em que astro de seriado pré-adolescente é chamado de indie, é sempre bom quando alguma banda vai à origem da coisa. O termo “indie” foi cunhado no Reino Unido no final dos anos 80. A Lautmusik resgata essa época extremamente importante para a música: com um ótimo trabalho de guitarras e vocais, A Week of Mondays emula My Bloody Valentine, Jesus and Mary Chain e The Cure num EP de apenas quatro faixas. Podem ter certeza que o quinteto sabe o que faz. Em tempos em que tudo é milimetricamente calculado, honestidade é sempre bem-vinda.”
Carlos Guimarães, Rádio Ipanema FM (Programa SubPop) e Revista Noize
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“Banda gaúcha de Porto Alegre formada em 2006, Lautmusik tem forte influência das inglesas dos anos 80: Echo & The Bunnymen, Gene Loves Jezebel, Joy Division, Inspiral Carpets, Smiths, Cure, Sioux e afins, porém com uma pitada de indie noventista como em Jigsaw, onde empola a veia guitar. E, o melhor: toda essa parede sonora sob a batuta do vocal doce e preciso de Alessandra.”
Marco Lima (Repo Man), Portal RockPress
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“Recebemos no escritório o EP da Lautmusik, “A Week Of Mondays“. Gravado em 2008, o disco tem quatro músicas e traz um ambiente sombrio que remete a The Jesus & Mary Chain, Sonic Youth e o pós-punk/guitar rock dos anos 80. Na escolha de nome, já é possível perceber a intenção dos porto-alegrenses. Lautmusik, em alemão, significa literalmente “música alta”. E é isso que a Lautmusik faz: música alta e de ótima qualidade.”
Gustavo Foster, Revista Noize
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