Em 2024 a Justine completa 10 anos de banda. Parece pouco mas nos tempos atuais passar juntos por tantas intempéries parece um século. Formada em Sorocaba por Marcel Marques, Maurício Barros e Gabriel Wiltemburg, a antes conhecida como Justine Never Knew the Rules chega a sua primeira década mudando de nome e de sonoridade.

Não é apenas o fato de cantar em Português, estávamos um pouco cansados da mesmice do rock e eu começei a ouvir outras coisas, tipo Paulinho da Viola, Itamar Assumpção, Tom Zé“, explica Maurício. “Novos sons, novas estruturas. Mas no final das contas, são tantos anos escutando a mesma coisa que acaba saindo o indie e o shoegaze de sempre”.

Depois de lançar o debut em 2016 e um single em 2017, a banda fez algumas turnês tocando inclusive no festival Bananada em 2017. Mas alguma coisa não estava funcionando direito, segundo Maurício, “a gente começou a se estranhar e dai resolvemos dar um tempo.” Nesse intervalo, alguns foram tocar em outros projetos, Maurício se mudou para São Paulo e o distanciamento só acabou com a pandemia de Covid-19. “A gente voltou a se falar, eu estava com umas músicas novas e tentei gravar sozinho em São Paulo mas não funcionou. Foi daí que começamos a entender que a gente só funcionava mesmo juntos“, lembra Maurício.

Quando conseguiram se reunir, saiu “Avalanche” em 2021. O novo álbum já nascia ali mas demorou mais três anos até ser finalizado. Com 11 faixas, a maioria delas composta recentemente, a banda resolveu encurtar seu nome para Justine e lançar uma álbum homônimo. A única música mais antiga, de 2015, que entrou no novo disco é “O Que Restou em Mim” que conta com a participação de Mário Bross e Luciano Marcelo, vocalista e guitarrista do Wry. “Essa música tinha uma letra em inglês e eu não conseguia me desvencilhar dela. Dai resolvemos chamar o Mário que fez uma nova letra em português“, lembra Maurício, que escreveu todas as letras do novo disco, exceto esta e “Blush”, escrita e cantada por Wiltemburg.

Não foi uma mudança fácil, a gente estava muito inseguro de cantar em português”, lembra Maurício. “Mas dai o Marcel sugeriu que a gente fizesse alguns shows para testar. Me lembro que tocamos My Bloody Valentine e Slowdive e havia uma galera nova, de uns 20 e poucos anos, cantando. Na semana seguinte eu fui num evento de samba e estas mesmas pessoas estavam lá. Então eu acho que mudou, nos anos 90, cantar em inglês era ser contra tudo, mas hoje em dia não é exatamente isso. Hoje a galera é mais aberta e talvez dessa forma seja mais interessante criar coisas novas e originais“, concluiu Maurício, citando “Roots Bloody Roots” do Sepultura, cantada em inglês, como exemplo de que a língua nem sempre é o catalisador desta identificação e aproximação com o local que se vive.

“Justine”, o álbum foi gravado no estúdio Deaf Haus em Sorocaba, onde a banda agora divide a administração com o Wry. A formação se completa com Gabriel Penatti na bateria e o quarteto tem planos para uma versão física em CD, com toda a arte preparada por Sesper, artista plástico brasileiro, fanzineiro e ex-vocalista do Garage Fuzz.

Ouça Justine na página da banda no mmrecords

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