19/12/2019 – RETROSPECTIVA 2019

10/05/2019 – RELANÇAMOS O RELANÇAMENTO DE 2000: GRAPE STORMS

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Grape Storms foi uma das primeiras bandas que o midsummer madness relançou dentro da série “Clássicos”. Quando “Grape Storms” (mm48) saiu em 2000, a banda tinha acabado a menos de um ano mas o único registro deste quarteto goiano já podia ser considerado clássico! 

Formada por Éder Lopes, Júlio “Zuno” Garcia, João Paulo, Alexandre Inox (da esquerda para direita na foto acima) e Murilo Barbalho (que participou do começo da banda), o Grape Storms surgiu em 1990, em Goiânia, numa época onde não existia o selo Monstro Discos, nem os festivais Goiânia Noise, Bananada ou Vaca Amarela; Boogarins e Carne Doce nem eram ideias.

Legítimos precurssores do “indie” goiano (quando ainda se usava o termo “alternativo” ou “guitar”), o único registro do Grape Storms saiu originalmente em fita cassete com 7 músicas. E foi com essa fita extremamente bem produzida para os padrões da época que em 1997 a banda participarou do festival Screamadelica organizado pelo fanzine Esquizofrenia (dos irmãos Gustódios, da loja Locomotiva). Foi  também onde o midsummer madness conheceu a banda. Na época a MTV Brasil fez uma matéria a respeito:

Quando o midsummer madness relançou a fita do Grape Storms em 2000, ela saiu em 2 formatos: fita cassete com sete músicas, incluindo uma versão para “A Letter to Elise” do The Cure, e uma versão em CDR, com 10 músicas. Os registros sobre a história da banda foram todos feitos em zines de papel como Tupanzine e Make No Sense.

Essa matéria do zine Make no Sense, do Cristiano Santos, explica bastante a história da banda e boa impressão que deixaram na época

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Como quase não existem registros online sobre a banda, fizemos uma entrevista com todos os integrantes.

Quando e como o Grape Storms se formou? Quem eram os integrantes e de onde vocês se conheciam?
Murilo: Conheci quando chamava Shed, João Paulo é meu amigo de infância e eles ensaiavam na casa dele. Eu sempre ia. Antes eu toccava numa banda chamada Dawnfine (música eletrônica).

Qual era a idade dos integrantes quando a banda se formou?
Murilo: Eu tinha 16 quando virou Grape Storms e entrei com 17.

Como era a cena de Goiânia naquela época?
Murilo: Não tinha cena bem definida, conhecíamos algumas pessoas de outras bandas e encontrávamos em uma feirinha aos domingos na praça do sol. Show era algo esporádico mas ensaiávamos semanalmente.

Quais foram as mudanças de formação do GS do começo até o fim?
Murilo: No início era Júlio, João e Inox, entrei após 1 ano e tive que sair para fazer faculdade fora de Goiania, quando sai o Éder assumiu o baixo e o Inox a guitarra.

Como foi o processo de gravação da demo com 7 músicas?
Murilo: Eram 3 músicas gravadas quando entrei: I Need Your Laugh, Those Years e Crime. Letters And Tears, No Man’s Land e For Myself eu gravei guitarras; tudo inicialmente no estúdio do Denio de Paula. Guilherme Bicalho produziu Parallel, House of Love e About Business, todas gravadas no estúdio dele que já estava pronto. Isso tudo foi entre 1994 a 1997.

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E as músicas extras do CD, de onde vêm?
Inox: São músicas que gravamos com o Guilherme Bicalho… sempre tentamos entrar em estúdio para registrar os vários momentos da banda. O problema é que era muito caro para nós na época e o resultado nem sempre nos satisfazia

A qualidade de gravação estava bem acima da média das outras bandas indies brasileiras da época… a que fator vocês creditam tal qualidade?
Murilo: Tínhamos o Inox e o Guilherme para nos orientar em relação à parte técnica. Fora que as composições do Julio eram incríveis.

Quem fez as fotos de divulgação, também acima da média para a época?
Inox: Era o Rogério Mesquita, hoje bem conceituado no meio fashion, atualmente mora em NY. Também colaborou meu primo, Paulo César Lima, já falecido.

Quem compôs as músicas? E as letras?
Murilo: Júlio sempre foi o compositor

Além do The Cure, quais as bandas que vocês ouviam bastante naquela época?
Murilo: The Smiths, Echo and the Bunnymem, Depeche mode, Rush, Queen, Beatles, Police, The Mission, Inspiral Carpets, Blur, Ride.
Inox: O mais interessante é que tínhamos gostos musicais bem distintos… claro, curtíamos Cure, Beatles, Smiths e outras bandas do gênero, mas eu curtia Rush, Tears for Fears, Iron Maiden, MPB, enquanto os outros ouviam outros estilos. Acho que foi um diferencial da a banda.

Como foi a participação no Screamadelica?
Inox:  Nós fizemos umas poucas cópias em k7, enviamos para alguns zines e a resposta foi incrivelmente positiva. Os pais do João moravam em Sampa, o que ajudou muito nos contatos. Foi uma noite muito boa! Primeiro porque raramente tocávamos ao vivo, depois que era quase como um sonho se realizando: a goianada tocando em SP e com cobertura da MTV! Kkkk
A receptividade também foi muito boa! Fomos quatro adultos em um Chevette recém retificado com metade da bateria, mais os instrumentos e bagagens. Tudo muito divertido para a época

Porque, quando e como a banda acabou?
Murilo: Eu não estava em goiania quando a banda acabou mas eu acredito que a falta de oportunidade e propósito foi determinante.
Inox: Por muito tempo os meninos diziam que eu era o culpado pela banda ter acabado. Hoje em dia acho que eles têm certa razão. O fato é que eu me cansei de um ciclo vicioso que nós tínhamos: ensaios exaustivos, preparação para shows e gravação…de repente o Júlio decidia que não queira tocar aquelas músicas, daí começávamos tudo de novo! Isso me matava. O João, o Murilo e o Éder aceitavam.
Quando saí, levei meu baixo, guitarra e amplificadores que eram meus… então eles ficaram sem equipamentos. Nesse sentido eu fui mesmo culpado pelo fim da banda 🤷. Pra complicar ainda mais, nós também ensaiavamos na minha casa nesta época.

Qual era a formação das bandas que vieram na sequência (Spherya e Litro)?
Murilo: Litro era o Inox, Homero, João Paulo, Eder e Murilo. Spherya que virou Sylo era  o Júlio, João Paulo, Daniel e Murilo. Temos gravações destas duas bandas.
Inox: Do Spherya participei de 1 ensaio. O Litro foi um projeto com outro perfil (pelo menos era essa a intenção kkk)
O Litro foi um projeto com o Homero Henry que foram algumas composições que eu tinha, que não tinham muito espaço no som do Grape. Fizemos dois k7s com 2 músicas cada. Uma foi lançada no Festival Bananada e outra no Goiânia Noise.
O Sylo foi um material que eu mixei e masterizei grande parte das músicas. Lindo trabalho, inclusive! Sempre fomos fãs das composições do Júlio.

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Logo depois, no começo dos anos 2000, Goiânia viveu um boom independente enorme… como vocês assistiram a tudo isso?
Murilo: Assistimos com vontade disso ter acontecido na nossa atividade.
Inox: Acho que tem muito à ver com o trabalho que o Fabrício Nobre e o pessoal da Monstro Discou fizeram. Eles foram muito importantes para aquele crescimento. Embora eu não gostasse daquela coisa mais visual que musical, os frutos foram muito bem colhidos. Infelizmente não estávamos lá para aproveitar. O Fabrício nos convidou inúmeras vezes para participar dos festivais da Monstro.

Alguma vontade ou plano de tocar juntos de novo?

Murilo: Eles sabem que é só chamar, amigos de longa data. O que vivemos guardo com muita alegria. Saudade de vocês!
Inox: Hoje moro em SC, o João em SP. Mas seria um prazer! Sempre dependeu muito da vontade do Júlio… acho que valeria à pena produzirmos nossa “Free as a Bird”, não? kkkk

Ouça, baixe e compre no Bandcamp.
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: Discografia

Grape Storms 1997

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