Grant McLennan 1958 – 2006
Faleceu sábado dia 06 de maio de 2006 o guitarrista e vocalista australiano Grant McLennan, da banda Go Betweens.
Como assim!? É injusto alguém tão talentoso e com apenas 48 anos morrer sem estar com a cara estampada em camisas e revistas como Kurt Cobain. Me choca muito mais a morte de McLennan do que a de Cobain, me fará muito mais falta alguém que compôs “Cattle & Cane”, “That Way”, “Was There Anything I Could Do”, “Caroline and I”.
Minha estória com Go-Betweens é recente mas é de um daqueles arrebatamentos devastadores. A primeira música que eu ouvi do Go Betweens foi justamente “Cattle & Cane” só que cantada pelo Wedding Present. Isso foi em meados dos anos 90. Só em 2001, quando eu ouvi a versão original do GB, é que a banda de McLennan e Robert Forster me chamou atenção. Por coincidência , 2 anos antes a banda havia voltado de um sumiço de 11 anos com o excelente “The Friends of Rachel Worth”. A coletânea “Bellavista Terrace” havia sido lançada no Brasil via Beggars Banquet / Sum Records. Vasculhar a carreira deles foi moleza, não há 1 disco ruim em sua extensa discografia:
Send Me a Lullaby (1981)
Before Hollywood (1983) – traz “cattle & cane” e “that way”
Spring Hill Fair (1984)
Liberty Belle & the Black Diamond Express (1986)
Tallulah (1987)
16 Lovers Lane (1988) – com “Streets of Your Town”
The Friends of Rachel Worth (2000)
Bright Yellow Bright Orange (2003) – com “Caroline and I ”
Ocean’s Apart (2005)
That Striped Sunlight Sound (2006) – uma coletânea em DVD gravada ao vivo em Brisbane, 2005, permanece agora como último registro de McLennan para o GB
Minha adoração por Go Betweens foi tamanha que numa viagem a Londres em 2003 eu marquei uma reunião na gravadora Circus Records (hoje Lo-Max Records), representante do GB para Europa e resto do mundo. O objetivo era lançar “Bright Yellow Bright Orange” no Brasil via midsummer madness. Seria a 2ª banda gringa depois do Telescopes. Neste disco está a música “Something for Myself” que tem a frase:
want to go to Brazil and see how the people move, in that town.
Eu tenho certeza que a cidade a que ele se refere é o Rio de Janeiro… e eu sonhava com um disco do Go Betweens sendo lançado por uma gravadora surf, carioca como nós do midsummer madness!!! Como um australiano poderia se referir à outra cidade no Brasil? A única competição possível neste caso seria com Florianópolis… mas ai seria fácil conseguir um show lá via Bianchini. Eu queria lançar o disco e trazer Forster e McLennan para o Brasil, levá-los à praia, pegar onda, quem sabe. A gravadora estava pouco interessada, me enrolaram por 2 anos até “Oceans’ Apart” ser lançado ano passado. A Lo-Max ofereceu o lançamento deste CD no Brasil ao midsummer madness, à Slag e até à Trama… eu continuo achando que havia uma mensagem cifrada do GB pedindo para ser lançado aqui no Brasil… veja o título do disco: oceans apart, que pode ser traduzido em separado por oceanos.. ma$ agora a gente não podia mai$ lançar. No último email enviado a mim pela Lo-Max dizia-se que a Deck (!) estava interessada. Tomara que lançem, o disco é outro clássico.
McLennan também tem discos em carreira solo, mas estes eu ainda não ouvi. Ele morreu dormindo, de causas ainda não divulgadas. A partir de sábado o mundo é mais sem graça, menos surf, menos delicado. Como epitáfio, eu deixaria “That Way”, de 1983, do disco clássico “Before Hollywood”
THAT WAY
In search of a new voice
you burnt all your lyrics
And flew to a new town.
“One of the Has Beens”
That was your phrase
But what about Show-Biz?
That way That way That way
In my apartment
Six white horses
Wood turns electric
Inspired by shadows
Driven by tears
You won’t rest,
till you’re back on the boards.
That way That way That way
Or nothing at all
I hear it’s cold now
The worst one on record
Hope that you keep warm
I guess I’ll be leaving
Now is the best time
On the Atlantic we’ll all climb
That way That way That way
Or nothing at all