06/06/2021 – NOVO ÁLBUM DA ELECTRIC LO FI SERESTA É UMA OBRA-PRIMA!

14/09/2020 – SINGLE NOVO DO ELECTRIC LO FI SERESTA

13/07/2020 – SONHANDO ACORDADO COM ELECTRIC LO FI SERESTA

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Electric Lo-Fi Seresta é o projeto solo de Guilherme Almeida, guitarrista da banda carioca The John Candy. Para dar vazão às “taras idiossincráticas de enésima potência como o janglepop oitentista, os pedais de chorus e reverb em regime saturado, os acordes menores da bossa nova, as gravações ultraintuitvas das primeiras bandas da K Records e o Durutti Column“, Guilherme foi redescobrindo músicas próprias que ficaram guardadas em caixas de fitinhas K7 no armário.

Algumas composições remontavam os anos de 1996 e 1997, quando ele morava em Paquetá e passava a maior parte tempo compondo e tocando pra ninguém. “Noites brancas”, por exemplo, é desta época. Para evitar o risco de perder estas músicas, ao longo de 2012, Guilherme montou a primeira compilação que se chamou “Ao Vivo Sem Vocês (It Was Nothing Personal)” gravando temas novos e regravando as músicas da caixa de fitas cassete. “Como disse, de início foi apenas uma forma rápida – com o John Candy todo o processo é mais lento, rebuscado e coletivo, o que também me agrada bastante – de não deixar escapar algumas ideias que me pareciam ser dignas de algum registro, por mais modesto que fosse“, explica Guilherme.

O primeiro nome Electric Lo-Fi Orchestra veio meio sem pensar: com um show marcado na antiga Drinkeria Maldita de Copacabana, teve que decidir em cima da hora para começar a divulgação. Algum tempo depois, quando começou a gravar, renomeou para Electric Lo-Fi Seresta. O motivo são as raízes em Campos dos Goytacazes, interior do Rio. “Minha família não é nem do centro da cidade, é da roça mesmo. Nasci lá e vim adolescente para o Rio. Sempre que vou visitá-los, me entretém o movimento em direção às serestas locais, algumas regadas a alambique!“, relembra Guilherme, “vou te contar que normalmente a lua e o céu de Poço Gordo, a roça onde meu pai mora, faz qualquer seresta pautada em Altemar Dutra, de quem minha mãe é fã,  ganhar contornos de um videoclipe do Cocteau Twins!

Lunare EP é a 2ª compilação com músicas lançadas desde 2013. São 8 músicas, as quatro primeiras de dois singles que já tinham sido disponibilizados no Bandcamp e distribuídos por um selo americano, o Custom Made Music (da Virgínia, EUA, que tem o Ceremony e o Peter Hook & The Light), e que deve estar finalizando uma prensagem em CD e K7  de “Juvenilia/Dont Tell Him” em outubro de 2014.

Entrou também no Lunare EP uma versão ao vivo de “Noites Brancas” e outras três que eram inéditas até então. Quase todas as músicas do ELS vêm acompanhadas de um vídeo (veja playlist abaixo). “Geralmente sou eu mesmo quem faço os vídeos, sem a preocupação de levar isso muito a sério, apenas para que as músicas tenham um canal a mais para serem escutadas. Mas acho que, talvez por força do hábito e da repetição, algumas músicas ficaram muito associadas às imagens que as acompanham nos vídeos, todos editados na mais inconsequente molecagem“.

Com o John Candy como atenção maior, Guilherme não se preocupa muito com shows do ELS. A ideia é tocar pouco porque ele não vê a banda como protagonista de eventos rock-badalação que acontecem no Rio. “Não seria bom para o público, nem para mim“. Nas serestas, Guilherme é acompanhado pelo baterista Joab Regis, que toca também no The John Candy.

Da série publicada no Instagram da banda:
DISCOGRAFIA COMENTADA (Parte 1) :
:: A DECADE OF ELECTRIC LO-FI SERESTA:::
Prestes a completar 10 anos de lançamento do primeiro álbum do Electric Lo-Fi Seresta, a compilação LUNARE (@mmrecords_br, 2014), algumas curiosidades acerca do disco:
1. A faixa de abertura — “Juvenilia” — aparece nesta compilação no seu registro definitivo. Originalmente composta em 1997, é repleta de referências a um período em que algumas das melhores pessoas do Rio de Janeiro se encontravam nas festas da Gueto, liam Tupanzine e College Radio e jogavam pebolim ao lado de uma pista vazia — todavia bastante animada — sob a batuta ocasional de algum dunedin sound.
2. A faixa “Don’t Tell Him” fez parte de uma coletânea do selo norte-americano @custommademusic e talvez seja uma das mais noisy de minha discografia seresteira. Gosto bastante dela.
3. “Anybody’s Fool” compus como um contraponto a “Everybody’s Fool”, do TFC. Uma de minhas músicas prediletas dos escoceses, diga-se de passagem.
4. “Noites Brancas”, inspirada no conto-novela homônimo de Dostoiévski, aparece no LUNARE em versão ao vivo, gravada num show no centro do Rio organizado pela @transfusaonoiserecords. É uma versão mais jangly — chorus e flanger à vera — e menos soturna do que a que gravei e produzi em estúdio para o álbum seguinte, de mesmo nome.
5. “X-Birthday” é uma música sobre pessoas que não se entusiasmam em comemorar aniversários com mega eventos, mas nem por isso são misantropas. Apenas não estão a fim.
6. “Passagem 169”, quem já foi na Dr. Smith? Ora, ora.
7. “Your Favorite Sarah Song” é sobre Matt & Clare e seus serviços prestados à humanidade.
8. “Epílogo: Vidas Vazias”, compus à guisa de trilha sonora imaginária para o romance homônimo de Alberto Moravia, um clássico do neo-realismo italiano.

Em 2015, Guilherme lançou o 1º álbum “Noites Brancas” pelo selo inglês Dufflecoat Records e depois “Interstellar Motel Radio” (2017) pela paranaense NapNap Records.

 

DISCOGRAFIA COMENTADA – (PARTE 2
::: A DECADE OF ELECTRIC LO FI SERESTA :::
O segundo álbum, “Noites Brancas”, foi lançado em 2015 pelo clássico selo indiepop inglês Dufflecoat Records. Tal como o álbum de estreia, mesclou composições antigas e novas. Algumas notas, curiosidades e detalhes sobre cada uma das faixas:
1. “Everything She Does”: única música de toda a discografia do Electric Lo Fi Seresta que compus em parceria. Com letra de Chris Cortez, foi escrita nos idos de 97/98. O vídeo para a música — disponível no YouTube— foi filmado em Paquetá, uma das inspirações para a canção. Se a Pedra da Moreninha falasse….

2. “Noites Brancas”: faixa-título que no EP Lunare (@mmrecords_br, 2014) aparecia em versão ao vivo e ultra-jangly, finalmente na sua gravação definitiva. Recomendo ler o maravilhoso conto homônimo de Dostoiévski — quem porventura nunca o leu — e escutar a música em seguida.

3. “Always On My Mind”: uma declaração de amor a Tati.
4. “LC LP”: uma homenagem ao melhor disco do Durutti Column.
5.“One And Two”: da série three-minute-perfect-pop-songs. Yes, I can.
6. “Positive Vibrations”: havia um programa de reggae/dub com este nome na extinta Rádio Fluminense no qual o locutor —que, ao que parece não era jamaicano— emulava um sotaque jamaicano nas vinhetas e inserções. Toque de djênio. Lembranças noventistas difusas à parte, esta foi composta num repente, ao ouvir no momento certo, da pessoa certa, que é preciso “crer neste mundo do qual fazem parte os idiotas” (Deleuze).
7. “Lucid Dream”: sobre estados hipnagógicos, tema recorrente na discografia lo fi seresteira.
8. “Beach Party Fail”: sobre luaus com violões e vozes desafinadas mas não menos encantadores é deslumbrantes por isso. Quem nunca?
9.“Little Sun”: faixa instrumental em Sol. Maior. Dream-Pop-Dorival-Caymmi, para dançar abraçado e de rosto colado na hora da música lenta no baile.
10. “Anybody’s Fool”: versão diferente da presente no EP Lunare. Escrita como contraponto a “Everybody’s Fool” do TFC. 
11. “Vidas Cheias”: um riff que é um antídoto ao romance de Alberto Moravia. 
12. “Bossinha do Adeus”: compus esta aos 19 anos.

 

Em 2019, “End of Decade” pode ser considerado o 3º álbum do Electric Lo-fi Seresta, apesar das compilações anteriores. São 12 faixas gravadas de forma intuitiva em menos de um mês. Segundo Guilherme, “é preciso não se mexer muito para não espantar os devires, como dizia Gilles Deleuze“.

Na gravação foram usados poucos pedais, apenas 2, e quase nada de recursos de gravação.”Se uma canção não puder manter algo de sua força de captura melódica a despeito dos pedais de efeito, ela não é de grande valia para o espírito do Electric Lo-Fi Seresta“.

A gravação seguiu o padrão dos velhos 4-tracks adaptada aos novos tempos. Guilherme programa baterias eletrônicas usando midis com timbres dos anos 80 (“a melhor década da música“, segundo ele) e em seguida grava guitarras. Ele usa uma Fender Jaguar com apenas um pedal de chorus e um echo rec. No lugar do baixo, um violão vagabundo Condor para marcar os graves. Em seguida, grava os vocais com um microfone ligado em um amplificador Orange para guitarra “com delay e reverb no limite da imprudência e depois tudo mixado numa versão pré-histórica do Audacity“. Lo-Fi.

Em “End of Decade” continuam as afinidades transversais com outras one-man bands como Cleaners From Venus, East River Pipe e Arctic Flow. “Quando se trata de compor, sempre foi um projeto solo. Todas as 40 e tantas músicas lançadas até agora pelo Electric Lo-Fi Seresta começaram com voz e violão e poderiam muito bem ser gravadas assim.”

Nas letras, sentimento difuso de “fim de uma era” e “começo de algo”. Segundo Guilherme, “são sobre coisas que a gente pesca no ar, sem que signifiquem exatamente a minha visão sobre os temas cantados. O tema do comportamento de manada, mesmo quando bem intencionada, e a estereotipação diante do que é viralizado nas redes sociais aparece em algumas músicas, como ‘Western World’, ‘Hate Your Post’ e ‘Fake News’, mas fugindo do óbvio ou do que possa ser lido apenas de uma forma literal”.

É um disco pessimista quanto a liberdade de expressão que as redes sociais prometiam ser. Guilherme acha que “na verdade, na maior parte do tempo, trata-se da mais formidável ferramenta de controle feroz das subjetividades já criada, pois é afetiva -‘fake news are a way to your hearts’, está lá em um dos versos da faixa “Fake News” do novo álbum“.

“End of Decade” estará disponível a partir de 25 de julho no formato CD (picture edition) e nas plataformas digitais via midsummer madness.

Ouça “End of Decade” no Bandcamp do midsummer madness
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Songs From The Hypnagogic Cave

Review por Renato Malizia (The Blog That Celebrates Itself)

Antes de qualquer coisa, o mais prudente a você, forasteiro e iniciante, ou mesmo, a você, iniciado ao universo em que Guilherme Almeida, ou, para os mais íntimos, Electric Lo Fi Seresta navega, é necessário elucidar o termo fundamental que dá nome ao quarto, e talvez, definitivo álbum do projeto, ou, digamos, o alter ego de seu criador.

“Songs From The Hypnagogic Cave”, o título, soa estranho em um primeiro momento, a começar pela capa, talvez a fonte utilizada possa enganar as verdadeiras intenções da obra, mas como mencionei lá no inicio, o segredo de tudo esta no termo Hypnagogic, e o desvendando será muito simples entender o conteúdo.

Vamos lá então, Hypnagogic, ou traduzindo para o surrado português, Hipnagógicas (os), são alucinações vivenciadas através dos sono, experiências estas perceptivas e vividas que acontecem no início do sono, basicamente consistem em sonhos que estão relacionados a fenômenos visuais, táteis e auditivos, estas alucinações ocorrem quando o individuo acredita estar acordado, é possível, ver, ouvir, sentir, mas inexistem movimentos, por estes fatores as tais alucinações hipnagógicas estão relacionadas com a temida paralisia do sono.

Bem, tendo elucidado você, agora é simples, prazeroso e por deveras perigoso adentrar ao particular mundo de “Songs From The Hypnagogic Cave”. Sonoramente existe um linha tênue que pode tornar-se piegas para outras bandas que pretendem aventurar-se ao universo do dream pop, muitas obras soam datadas mesmo antes de serem apreciadas, outras tendem a uma supérflua aura etérea que simplesmente não funciona, o que atualmente faz com que pouquíssimos artistas obtenham um resultado eficaz.

No caso do Electric Lo Fi Seresta, em sua viagem pela caverna hipnagógica, as canções unem-se umas as outras, não havendo aqui, ‘hits’, mas entrelaçamentos onde cada uma funde-se na outra, talvez apenas num único momento este elo é ruidosamente estilhaçado, muito provavelmente, de maneira premeditada pelo autor, trata-se de “Gash Dance”, um momento onde o sono/sonho pode ser quebrado, dependerá do tamanho da sua imersão na obra.

Neste sono/sonho sonoro, a predominância de uma aura cinzenta e esfumaçada direciona o ouvinte, obviamente que o dream pop do Electric Lo Fi Seresta vai além, muito além da simples fofurice de seus contemporâneos: aqui, ecos de obras languidas do post punk, leia-se “Harmony” (The Wake), “In Silence” (Fra Lippo Lippi), servem de combustível criativo, aliado a beleza e exuberância melódica de baixa estética, que se assemelha a cena de Dunedin.

“Songs From The Hypanogogic Cave” não surtirá nenhum efeito em você, caso não seja apreciado como se aprecia um conto, sua audição deve ser feita introspectivamente sem haver qualquer tipo de interferência exterior, caso contrário, jamais, veja bem, jamais você vai compreender o mundo do sono/sonhos proposto por Guilherme, ou Electric Lo Fi Seresta.

Caso você já tenha acordado, caso não, procure um especialista.

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Meses depois de “Songs From The Hypnagogic Cave”, Guilherme já pensava no próximo álbum. “Será um tantinho diferente dos anteriores, em parte por conta de novos equipamentos de gravação utilizados, placas, etc; e instrumentos adicionados como bateria, baixo, teclados. Mais pressão, mais brilho e volume, mas o espírito Electric, Lo-Fi e seresta é o mesmo“.

Este é um álbum marcado por muitas memórias radiofônicas à pilha, e é dedicado a meus saudosos e imprescindíveis padrinho e bisavó — seu Tião e dona Erozita — que teriam completado 100 anos de vida por agora.

Era no quintal dos dois, com quem morei até os 11 anos de idade, que ficavam seus inseparáveis rádios sintonizados aos pés das goiabeiras, sempre ligados e distorcidos no último volume, de manhãzinha ao anoitecer, apresentando-me, fortuitamente, pela primeira vez, sonoridades aparentemente tão díspares: The Cure e Dilermando Reis, New Order e Inezita Barroso, The Smiths e violas seresteiras de décadas já esquecidas; no mesmo dial, na mesma frequência AM 1470 KhZ, na mesma estação, apenas em horários diferentes: na minha Campos dos Goytacazes, no meu Parque Aurora de meados da década de 80.

Porém, não é um álbum saudosista, nem autorreferente. Parodiando Althusser, que deu a sua autobiografia o título de “O Futuro Dura Muito Tempo”, eu diria que este quinto álbum do Electric Lo-Fi Seresta, “Moondial FM” — composto durante esta pandemia, o isolamento social e um caos psicossocial crescente com o pior governo da história deste país no comando — tem um quê de com-plicação temporal onde passado, presente e futuro duram muito tempo…

Contemplando o céu e a lua durante as madrugadas, e sensível aos dramas e relatos de amigos e amigas durante este período pandêmico difícil para todos, e para cada um à sua maneira, nasceram as 11 faixas de “Moondial FM”. Lançado em 26 de maio, dia de super lua e eclipse lunar no calendário astronômico de 2021.

Acho que seu Tião e Dona Erozita gostariam dele tanto quanto vocês, fãs de Cure, New Order e Smiths podem gostar. Mas não exatamente da mesma forma.

“Moondial FM” sai no formato digital e também em CD digipack, com tiragem limitadíssima. Compre aqui.

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Moondial FM 2021

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A Light That Never Changes (single edit) 2020

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Songs From the Hypnagogic Cave 2020

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End of Decade 2019

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Feel your love in an obscure felt song 2015

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Lunare EP 2014

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