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Sandro Rodrigues começou a gravar suas impressões do Mundo lá pelos idos do 1991, tocando bateria na banda Panhandlers, com o Marcelinho (a.k.a. Mao Tsé-Lin) no baixo e o Danilo (a.k.a. DJ Danilo, rei do rock) na guitarra. Nenhum registro dessa época sobreviveu. Em 1995 Sandro migrou para guitarra e vocais no Strobe’s Crooner, banda onde gravou e cantou suas primeiras composições.

O Strobe’s Crooner durou cerca de 4 anos, fez poucos shows e lançou uma demo obscura, com registros de ensaios, que teve apenas 5 cópias. Em 1999 Sandro comprou um porta estúdio caseiro da Yamaha e gravou músicas próprias sozinho em casa, usando latas de biscoito como percussão, diapasão como instrumento de sopro e instrumentos convencionais, como guitarra, baixo, flauta e teclado.

As engrenagens quiseram que o porta estúdio estivesse com um dos canais quebrado. Sandro foi na loja onde havia comprado trocá-lo. Para agradar o cliente, a loja emprestou por um final de semana dois porta-estúdios disponíveis: um Tascam e um Fostex. Sandro aproveitou a oportunidade “Abbey Road” e gravou mais um bocado de material. Até que notou que os porta estúdios gravavam em velocidades diferentes.

Determinado a não perder o material, Sandro virou a noite transcodificando o que tinha gravado no Yamaha e no Tascam para o Fostex. Deu tempo. E ele ainda gravou outras 4 faixas. Tempo foi o critério de corte.

As 12 faixas resultantes foram compiladas em fita cassete (3 faixas migraram do repertório do Strobe’s Crooner e 9 eram inéditas). O primeiro registro oficial do Digital Amerínidio saiu em 1999 batizado de “A Incomensurável Piração Psicodélica, Degenerativa, Transgênica e Generalizada, do Bizarro Mundo Mágico de Orleans e Braguilhas”.

Pouquíssimas cópias em fita foram distribuídas a amigos, nenhuma com finalidade de venda. E assim o material repousou. Até que em 2005, tudo foi digitalizado e disponibilizado em mp3 no extinto site da Tramavirtual.

Com o bom feedback na Tramavirtual, Digital Ameríndio gravou 2007 o EP “Muito Tarde” com 4 músicas inéditas, no mesmo esquema home-alone, usando computador no lugar do porta estúdio.  E a trilogia se encerrou em 2008, com “, mas qual?” (assim mesmo, com a vírgula antecedendo o título, tipo Clarice Lispector) com 9 faixas. Dessa vez o lançamento foi pelo selo virtual (mu)shroom records, do Pedro Bonifrate (Supercordas, Bonifrate).

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Três registros, todos gravados em casa, sozinho. Na hora de fazer shows, o formato voz e violão não casava com as ideias de Sandro. “Cheguei a me apresentar nesse formato no Rio de Janeiro e em São Paulo, umas três ou quatro vezes. Fiz também uma performance experimental no extinto Plano B (Lapa/RJ) interagindo com samplers de faixas, fazendo contrapontos com minha própria voz gravada, usando violão como percussão… Era um formato instigante mas extremamente trabalhoso”, lembra Sandro.

Sandro tem um histórico de passagem por muitas bandas antes e durante suas pirações solo: fez parte do Vibrosensores, onde tocou pela primeira vez com Löis Lancaster (Zumbi do Mato); os dois tocaram juntos também no Teatro Líquido, Grupo Século, Cubo Preto, Observatório Auditivo, e na fase final do Zumbi do Mato.  Na banda Filme, Sandro tocou pela primeira vez com o “Maestro” Gabriel Ares. A lista é enorme: Orquestra Tonguemische, Botânicos, Jesus Coca, Llaudia Ceite, Oficina Eletrônica Nova ConceiçãoDamo Suzuki NetworkCiência Rimática, Cancioneiros do IPUB, Noturno, Flavio Murrah. Sandro tocou bateria por muito tempo no Supercordas e no projeto solo de Pedro Bonifrate. “Tanto Löis, quanto o Maestro e o Pedro eram, portanto, músicos com que eu já estava habituado a tocar há um tempo”, resume Sandro.

Em 2010, conversando com o Felipe Zenícola, baixista do Chinese Cookie Poets (CCP) surgiu a ideia de se reunir com outras bandas para arranjar, gravar  e depois tocá-las ao vivo. Tanto a questão da falta de uma banda como a vontade de tocar com todos amigos poderia ser assim resolvida. Com um bom número de novas músicas, o material seria suficiente para um álbum do Digital Ameríndio, todo composto de singles gravados em parceria.

O primeiro convite foi justamente para o CCP, com quem Sandro gravou a faixa “Janela” em 2011. “Mandei uma faixa com voz e violão para eles, propondo marcarmos ensaios para ensaiá-la e gravar ao vivo. Passamos meses sem conseguir conciliar agenda, o que me deixou frustrado, até descobrir que na verdade eles rearranjaram a música com instrumentos pouco usuais, alteraram o pitch da bateria e gravaram por conta em cima da faixa que eu havia mandado. Espetacular!

Só que o processo todo durou 6 meses. Nesse ritmo, o tão sonhado álbum demoraria uns 3 a 4 anos para ficar pronto. De novo restrições temporais foram a nota de corte.

No início de 2012, Digital Ameríndio foi chamado para tocar no Grito Rock Caxias. Sandro convidou os chegados Löis, Gabriel e Bonifrate, além de Robson Riva. E foi Robson, um dos poucos com quem Sandro ainda não havia tocado (ambos são bateristas) quem condicionou a participação no show a continuidade daquela formação como uma banda. “Depois do show, geral pilhou e a coisa aconteceu. O disco foi também consequência dessa disponibilidade, parceria e estímulo de muita gente bacana a meu redor”. 

Em maio de 2012, com apenas dois meses de existência, a banda saiu de um ensaio no Estúdio 82b (Lapa/RJ) com seis bases ao vivo pensando em produzir um EP. Em casa, Sandro gravou overdubs de guitarras e voz e entregou a Bryan Holmes, do duo experimental Pajelança Eletrônica, que topou mixar e masterizar o material. Bryan instigou a banda a entregar mais material. Novas sessões foram agendadas nos Estúdios Estação e Mordente, com Bryan dirigindo as gravações.

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Intensos Animais Imperceptíveis” é então o álbum de estreia de Digital Ameríndio & (American Bigfoot) Mouse Mouse Joe, quinteto formado em 2012, por Sandro Rodrigues (vocais e guitarra), Löis Lancaster (baixo e vocais), Pedro Bonifrate (guitarra e vocais), Robson Riva (bateria) e Gabriel Ares (teclado).

Lançado originalmente pelo selo paulista Cloud Chapel em maio de 2013, das dez canções que compõem o álbum, “Recriando o Princípio Criador das Coisas Criadas” vem do repertório da banda Teatro Líquido, “Uirapuru” era tocada pela banda Filme e também já havia sido gravada no EP  “, mas qual?”, de onde vêm também as versões originais de “Lombroso (ou a Verdadeira Rapa do Juá” e “Introdução”.

“Arlequim Sobrevoando a Montanha Subterrânea” e “Vim, Mas Não Voltei” apareceram pela primeira vez no EP “Muito Tarde”. As outras músicas (“Salvia Divinorum”, “Theophilus Carter”, “Janela” e “Cyber”) são inéditas.

Intensos Animais Imperceptíveis” propõe um devir intenso, animal e imperceptível  (de Deleuze e Guattari). Tornar audível a diluição da identidade de si em devires rumo ao imperceptível. “O fio condutor do repertório selecionado é a tragicomédia de um ser humano em busca incessante de meios para a enfrentar o sofrimento, tema que me interessa como músico, psicólogo e ser humano“.

Depois do lançamento de “Intensos Animais…” a banda chegou a fazer vários shows e produziu alguns videoclipes caseiros. Mas em 2015, Sandro se viu obrigado a mudar para o Maranhão, onde passou dois anos e meio como professor universitário. Abandonou o Mouse Mouse Joe e o Supercordas mas aproveitou a realocação para explorar o papel do ritmo musical na indução de estados de transe e absorção em rituais do Santo Daime e do Tambor de Crioula.

O midsummer madness relançou “Intensos Animais Imperceptíveis” em 2018 no formato digital.
Ouça os EPs anteriores aqui:
A Incomensurável Piração… (aqui)
Muito Tarde EP (aqui)
, mas qual? (aqui)

Videoclipes
https://www.youtube.com/playlist?list=PLQD0_MESmyorBMIy8lO9AJ5YmLsyFjRL5

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Intensos Animais Imperceptíveis 2013

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