Depois de 15 anos, Superbug lança single novo
Superbug surgiu em 1993, em Florianópolis, derivando das ideias adolescentes principalmente de Fábio Bianchini (na época, um promissor colaborador do inesquecível Fútio Indispensável) e Diógenes Fischer. Com algumas mudanças de formação, duas fitas lançadas (“Take Yer Horse Off The Rain” e “Baby Baby”) o quarteto completado por Vanessa e Alex estava sumido desde 2004, quando lançou o EP “Hot Milk”.
“Fingers” é um single solitário mas nos deixa cheios de esperança por mais novidades do Superinseto. Marcelo Colares, do Cigarettes, escreveu a respeito:
Conheci o Superbug em 1994 e lá se vai uma vida. Sou fã desde aquela época, quando ouvi a gravação de estreia, “Take Yer Horse Off The Rain” (Fútio Indispensável Records), naquele mesmo ano.
Nesse novo single, que nos chega após o silêncio de uma década, o quarteto ressurge ainda mais bem resolvido, seja na produção desinibida, hábil em dar nitidez a todos os instrumentos, seja no destaque às guitarras bem timbradas, em riffs e solos dignos dos melhores momentos de Neil Young. Até um vibrafone maroto eles conseguiram emplacar.
A letra fala de sensações indefiníveis e espaços de acolhimento: “It looks just like brown sugar/ but it’s hard to take its taste/ The place is packed, the music’s loud/ Yet it feels so intimate/ And I go along”. E curiosamente me lembra também do “Inferno” de Strindberg. No livro, o artista sueco relata suas experiências com a química e as tentativas de alquimia em meio a uma espiral de problemas práticos e confusão mental. Às vezes, é preciso se deixar levar…
A música do Superbug traz mais conforto do que o referido “Inferno”. O exercício de transmutação é o que me faz associar os dois. Fábio, Diógenes, Vanessa e Alex retornam em uma boa hora nesse péssimo momento em que todos vivemos. Com “Fingers” reafirmam a possibilidade de criação mesmo nas condições mais adversas. Um exemplo a ser exaltado.
Teria muito mais a falar sobre o Superbug e sua música, mas opto por ser sintético para não provocar o cansaço alheio e por entender que talvez não seja esse o melhor espaço para elocubrações. Além do mais, sou suspeito para falar qualquer coisa. Somos contemporâneos e participamos juntos de várias histórias, volto a elas em ocasião mais oportuna, se houver.
Agora é a hora de escutar o single novo e também as coisas antigas. É sempre tempo de conhecer e redescobrir essa obra tão peculiar e pouco explorada. Afinal, a emancipação do espírito, por discreta que tenha sido, terá sido grande. Que nenhuma esperança se perca nesse mundo cada vez mais triste e sombrio. Não é hora de desistir das utopias e alquimias, sempre é tempo e devemos prosseguir seja como for, tudo continua sendo possível: o Superbug voltou!
Marcelo Colares 09/03/2019