Anhanguera Folk Club: 20 anos do Motormama
No longínquo ano de 1991, três estudantes de comunicação de Ribeirão Preto tinham uma banda chamada Os Egoístas. Cansados de tocar músicas dos outros, Joca (23), Jefferson (20) e Régis (20) montaram o Motorcycle Mama. Lançaram três demos e colocaram a música “Nazitrekkers” na coletânea “Brasil Compacto” (lançada pelo selo Rock It!/EMI em 1996). “Mas em 1999 eu já estava meio decepcionado com esse negócio de música,” lembra Régis. “Montamos o Motormama como uma espécie de renascimento. Queria algo desafiador, porém de forma mais relaxada. Parei de ouvir os conselhos dos outros“.
Com quatro álbuns, vários EPs, um compacto em vinil e passagens pelos festivais Pop Montreal e Primavera Sound, o Motormama chega a duas décadas de estrada. “Anhanguera Folk Club” é uma coletânea best of, com 5 músicas de cada um dos discos da banda.
“Carne de Pescoço” saiu em 2003 pelo selo da própria banda, a Kaskavel Music, e foi distribuído pelo midsummer madness. A estreia foi gravada num esquema lo-fi, num estúdio/bar que a banda tinha no centro de Ribeirão Preto.
Três anos depois saiu “A Legitima Cia Fantasma“, lançado em parceria pelo midsummer madness, Kaskavel Music e Pisces Music. Este segundo disco inaugurou também a parceria do Motormama com o Understudio, de Rômulo Felício, da banda local Undertrash. Rômulo também passou a assinar a produção de todos os discos, dai em diante. “A Legítima Cia Fantasma” pegou a fase final das boas vendagens em CD, foi o disco do Motormama que mais vendeu.
Quatro anos depois, em 2010, “Aloha Esquimó” nasceu na era da música digital e não foi tão bem assim. Mais uma vez gravado no Understudio, levou dois anos pra ficar pronto. “Aloha é meu disco preferido“, revela Régis, “tem tudo que eu gosto, produção excelente, com masterização do Thiago Monteiro que é um cara do jazz e da MPB. Ficou lindo, mas teve repercussão zero. Me senti desprezado. Era o melhor que podíamos oferecer e pouca gente ligou“.
Em 2011 o Motormama foi selecionado para tocar no festival Pop Montreal, no Canadá. A boa recepção deixou a banda animada e eles voltaram do hemisfério Norte fixados com a ideia de prensar um vinil. Como as economias não permitiam vôos maiores, lançaram um compacto com duas músicas: “Flores Sujas do Quintal/ Rio Grande” saiu pela Kaskavel Music, hoje item raro e esgotado.
A empolgação reverberou e em 2014 a banda foi convidada para tocar no prestigiado Primavera Sound, em Barcelona (Espanha).”Foi um ano mágico, muitos já tinham se esquecido da gente. De repente, boom, estamos em um dos maiores festivais do mundo. Foi lindo!”
Em 2017, o quarto álbum “Fogos de Artifício” saiu de forma discreta, prensado com tiragem limitada em CD pelo midsummer madness e Kaskavel Music. Com apenas 8 músicas, “Fogos…” mostra um Motormama coeso, aprimorando suas características: a viola caipira misturada ao feedback dos Pixies, o clima Ziggy Stardust de Bowie ambientado nas highways do interior paulista, com disco-voadores do Mutantes planando sob as cabeças. Régis comentou cada um dos álbuns do Motormama em 2017 – leia.
Vinte anos divididos por quatro dá cinco músicas. Com essa linha de corte, a banda separou as 5 melhores músicas de cada “época” para celebrar os 20 anos com essa coletânea, a “Anhnaguera Folk Club“:
Álbum: Carne de Pescoço (2003) – midsummermadness.bandcamp.com/album/carne-de-pesco-o
– Adeus Maluco
– Sujeito Honesto
– Rota Caipira (Anhanguera Folk Song) – Cosmorama
– Babydoll
Álbum: A Legítima Cia Fantasma (2006) – midsummermadness.bandcamp.com/album/a-legitima-cia-fantasma
– Coração Hardcore
– Faixa Preta
– Hey Vaqueiro
– Blues do Sapo Caolho
– Rancho Fantasma
Álbum: Aloha Esquimó (2010) – midsummermadness.bandcamp.com/album/aloha-esquim
– Preciso Me Vingar Oh babe
– Aloha Esquimó
– Baladinha da Destruição
– Feriado em Saturno
– Esperando o Furacão
Vinil 7’: Flores Sujas do Quintal (2013)
– Flores Sujas do Quintal
Álbum: Fogos de Artifício (2017) – midsummermadness.bandcamp.com/album/fogos-de-artif-cio
– Não Sou Mais o mesmo Sujeito
– Te Vejo na Cosmopista
– Fogos de Artifício
– Vôo Número Zero
“São discos que traduzem cada momento que a banda passou. De alguma forma estão interligados mas são independentes entre si. Uns caóticos, outros mais coesos“, tenta costurar Régis.
O trio que permanece desde 1999, Joca, Régis e Gisele, vêem uma mudança constante na formação do Motormama; só na bateria já passaram 25 pessoas! Desde “Aloha…” eles são acompanhados pelo tecladista Perê. Outro Motormama ilustre é Gustavo Acrani, co-autor de várias músicas dos primeiros dois discos. “Ele é uma das peças chaves para o Motormama, conta Régis.”Quando ouvi o teclado a lá Lafayette/Arnaldo Baptista, percebi que tinhamos algo diferente em mãos“.
Hoje quarentões, os integrantes ainda querer riscar alguns objetivos da lista de sonhos, como tocar em outros países da América do Sul. “Quando montei o Motormama, meus sonhos de rock star já tinha ido ladeira abaixo. Mas mudar a vida das pessoas, ser um guru espiritual, explica Régis. “Não sei se consegui, mas não me arrependo de nada. Mais do que um passatempo, eu chamo de o Motormama de musicoterapia“.
Veja todos os clipes do Motormama:
Ouça a coletânea “Anhanguera Folk Club”:
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