33 músicas – primeiro 1/3
Era para eu ter postado isso dia 29 de maio, quando fiz 33 anos. Mas não deu tempo.
Vai agora.
Nasci em 1973. É claro que naquele ano eu não escolhia as músicas que ouvia, ia na cola da minha mãe, que, pelo que sei, ouvia muito Chico Buarque, Beatles e Gilberto Gil. Mas neste mesmo ano sai Raw Power, do Stooges. Terceiro disco da banda, à beira de um colapso, com Bowie produzindo. E o disco começa logo com Search & Destroy… apesar de ter Let’s Get It On de Marvin Gaye e Angie dos Rolling Stones no mesmo ano ocupando as primeiras posições na Billboard Top 40, não posso deixar de escolher Iggy Pop, Ron Asheton, Dave Alexander e James Williamson. Eu estava fadado a optar pelo não-top-40 mesmo gostando de alguns hits.
Em 1974 eu já morava em Rondônia, àquela época, ainda um Território Federal. Alguém ai lembra o que era isso? Bem território federal era quase que um puxadinho, nem estado era. Não tinha governador, não tinha deputados, prefeitos ou vereadores. Enfim, a selva! Ano de Elton John e Bruce Lee mandando, eu fico com um registro do Velvet Underground de 1969 lançado em vinil duplo em 1974, 1969: Velvet Underground Live. Esta versão ao vivo de Ocean, no volume 2, com 10 minutos de duração é linda:
I am a lazy son
I never get things done
Mostly they ho-ho-holler
But here comes the waves
Down by the shore
Washing the eye of the land
That has been
1975 eu quase fui engolido vivo por uma sucuri de 10 metros que entrou na nossa casa em Porto Velho. Neste ano; minha primeira escolha saindo do Top 10:Mandy, de Barry Manilow ficou algumas semanas no #1 de parada em 1975 e é uma balada lindíssima, depois regravada por Drop Nineteens.
1976 é o ano que a Apple Computers foi fundada, que a nave não tripulada Viking 1 pousou em Marte e que o Concorde fez o primeiro vôo comercial de Londres até Bahrein. É o ano também que Lou Reed largou o wild side e voltou a fazer discos bonitinhos, como Coney Island Baby, de outubro de 1975, que tem uma capa incrível, a música She’s My Best Friend:
She’s my best friend,
certainly not your average girl
Yeah, she’s my best friend
She understands me when
I’m feeling Dow-dow-dow-dow-dow-down
1977 . Oras bolas, Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols, que eu fui comprar somente em 1987. Uma música? Difícil mas gosto muito de Problems
Terminando a trilogia Berlim, eu já era um rapaz de 5 anos de idade. Provavelmente estudava no Chapeuzinho Vermelho. Imagina as crianças sentadas em torno da vitrola ouvindo Heroes, de Bowie, gravado por Brian Eno com Robert Fripp na guitarra? Ficariam quietinhos? Heroes, do disco Heroes de David Bowie, lançado em outubro de 1977 é a minha escolha pra 1978.
em 1979, ou você era discoteca ou você era punk. Aqui no Brasil, tudo meio amalucado, os punks eram filhos de diplomatas em Brasília, mas, wha’da’hell, tinham bom gosto pelo menos. Neste ano saia o primeiro do Joy Division, com algumas músicas clássicas já antigas para a banda, mas como é o primeiro oficial, dele escolho I Remember Nothing.
Me in my own world
and you there beside
the gaps are enormous
we stare from each side
we were strangers from way too long
1980, década nova, se não estou enganado, Rondônia deixou de ser território federal e virou estado. Meu pai virou secretário de saúde da selva. Reagan foi eleito e Rambo virou realidade, compact disc foi lançado pela Phillips e John Lennon morreu. Lembro que minha mãe chorou muito, Imagine tocava o tempo inteiro na TV e no rádio…Mas eu fico com Damned, em seu 4º disco, Black Album e a faixa de abertura Wait for the Blackout
1981 eu ainda estava em Rondônia, com meus pais loucos para voltar para Niterói… Eu mal imaginava mas na Inglaterra o mau gosto começava a imperar. Segundo os leitores do Melody Maker, o top 10 era
1- Heaven 17 – Penthouse and Pavement
2 – Elvis Costello – Trust
3 – Elvis Costello – Almost Blue
4 – Squeeze – East Side Story
5 – The Police – Ghost in the Machine
6 – The Human League – Dare!
7 – New Order – Movement
8 – Soft Cell – Non-Stop Erotic Cabaret
9 – Spandau Ballet – Journeys to Glory
10 – Brian Eno & David Byrne – My Life in the Bush of Ghosts
Eu fico com Echo & the Bunnymen, em seu segundo disco, A Promise:
You said something will change
We were all dressed up
Somewhere to go
No sign of rain
But something will change
You promised
1982 foi o ano da seleção canarinho, uma das melhores que já tivemos. Vi os jogos da primeira fase e oitavas de final em Porto Velho. Mas no dia do jogo com a Itália de Paolo Rossi eu e minha irmã estávamos num avião da Varig indo para Disneylândia! Eu não estava nem ai quando o piloto anunciou em pleno vôo que tínhamos sido desclassificados. Mais tarde eu entenderia isso. Entenderia também Planet Rock com Afrika Bambaata
em 1983 mudamos de volta para Niterói. Foi um ano engraçado, onde tudo era novo, a FM tinha milhões de estações, a Tv também, a luz não acabava às 10 de noite, entrei nas aulinhas de inglês e tropecei várias vezes nos gelos bahianos. Mas pra que diabos eles colocavam estes paralelepípedos em cima das calçadas? Difícil também é escolher uma música para este ano com o álbum Record do PIL, Synchronicity do Police, Whammy! do B52’s, Babe’s in Arms do MC5 e Murmur do REM… mas eu fico comThis is the Day do The The
1984 eu já escolhia o que queria ouvir. Tinha 11 anos, morava em Niterói, escutava a Fluminense FM e assistia ao programa de Tv Realce. Neste mesmo ano saiu The Smiths, o primeiro de Morrissey e Marr. Não é a música deles que eu mais gosto mas foi a primeira que eu ouvi:Still Ill. Smiths é marcante pois foi a primeira banda que eu escolhi como minha banda. Não era por causa do meu pai, da minha mãe ou dos meus tios. Smiths eu ouvi e gostei. Eu era surfista – rock.
to be continued…