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Songs From The Hypnagogic Cave
por Renato Malizia (The Blog That Celebrates Itself)

Antes de qualquer coisa, o mais prudente a você, forasteiro e iniciante, ou mesmo, a você, iniciado ao universo em que Guilherme Almeida, ou, para os mais íntimos, Electric Lo Fi Seresta navega, é necessário elucidar o termo fundamental que dá nome ao quarto, e talvez, definitivo álbum do projeto, ou, digamos, o alter ego de seu criador.

“Songs From The Hypnagogic Cave”, o título, soa estranho em um primeiro momento, a começar pela capa, talvez a fonte utilizada possa enganar as verdadeiras intenções da obra, mas como mencionei lá no inicio, o segredo de tudo esta no termo Hypnagogic, e o desvendando será muito simples entender o conteúdo.

Vamos lá então, Hypnagogic, ou traduzindo para o surrado português, Hipnagógicas (os), são alucinações vivenciadas através dos sono, experiências estas perceptivas e vividas que acontecem no início do sono, basicamente consistem em sonhos que estão relacionados a fenômenos visuais, táteis e auditivos, estas alucinações ocorrem quando o individuo acredita estar acordado, é possível, ver, ouvir, sentir, mas inexistem movimentos, por estes fatores as tais alucinações hipnagógicas estão relacionadas com a temida paralisia do sono.

Bem, tendo elucidado você, agora é simples, prazeroso e por deveras perigoso adentrar ao particular mundo de “Songs From The Hypnagogic Cave”. Sonoramente existe um linha tênue que pode tornar-se piegas para outras bandas que pretendem aventurar-se ao universo do dream pop, muitas obras soam datadas mesmo antes de serem apreciadas, outras tendem a uma supérflua aura etérea que simplesmente não funciona, o que atualmente faz com que pouquíssimos artistas obtenham um resultado eficaz.

No caso do Electric Lo Fi Seresta, em sua viagem pela caverna hipnagógica, as canções unem-se umas as outras, não havendo aqui, ‘hits’, mas entrelaçamentos onde cada uma funde-se na outra, talvez apenas num único momento este elo é ruidosamente estilhaçado, muito provavelmente, de maneira premeditada pelo autor, trata-se de “Gash Dance”, um momento onde o sono/sonho pode ser quebrado, dependerá do tamanho da sua imersão na obra.

Neste sono/sonho sonoro, a predominância de uma aura cinzenta e esfumaçada direciona o ouvinte, obviamente que o dream pop do Electric Lo Fi Seresta vai além, muito além da simples fofurice de seus contemporâneos: aqui, ecos de obras languidas do post punk, leia-se “Harmony” (The Wake), “In Silence” (Fra Lippo Lippi), servem de combustível criativo, aliado a beleza e exuberância melódica de baixa estética, que se assemelha a cena de Dunedin.

“Songs From The Hypanogogic Cave” não surtirá nenhum efeito em você, caso não seja apreciado como se aprecia um conto, sua audição deve ser feita introspectivamente sem haver qualquer tipo de interferência exterior, caso contrário, jamais, veja bem, jamais você vai compreender o mundo do sono/sonhos proposto por Guilherme, ou Electric Lo Fi Seresta.

Caso você já tenha acordado, caso não, procure um especialista.

Ouça na página da banda.
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