good-bad-ugly-characters2.jpgGente, vamos parar de demonizar as grandes gravadoras!

Sony-BMG, EMI, Warner e Universal são grandes empresas, orientadas para o lucro, administradas por businessmen e regulamentadas por contratos entre as partes envolvidas. O simples fato destas empresas lidarem com cultura brasileira não as torna responsáveis por tudo de ruim que acontece com a música brasileira. No jabá, por exemplo, as gravadoras são apenas 50% do problema. Na atual crise de vendagem dos CDs, as gravadoras também dividem a culpa com a indústria de eletrônicos. E na proposta de divisão dos lucros de shows entre gravadoras e artistas, as majors também são apenas um dos negociantes envolvidos.

Digo isso porque acabei de ler um texto da jornalista Maria Luiza Kfouri no Music News e, apesar de concordar ideologicamente com ela, acho que não dá pra simplificar o assunto como ela fez. Estou do lado da Maria Luiza quando ela diz que é injusto as majors agora quererem participar do lucro dos shows dos artistas. Mas tenho medo quando ela generaliza dizendo que é um escândalo que algumas majors façam isso. Veja bem, o mercado fonográfico brasileiro ainda é um business, e como todo negócio, é regido por contratos que, por princípio, são benéficos aos dois lados. Se algum artista aceitar a taxação sobre o show, certamente o fará porque leu o contrato, concordou e assinou. As majors estão fazendo nada mais do que seu negócio: procurar mais rentabilidade.

O que acabou é a ingenuidade de achar que Sony-BMG, EMI, Warner e Universal são templos da música, como era a Motown, como era a Blue Note. As majors hoje em dia são, com certeza, as melhores empresas de promoção, marketing e distribuição de música no Brasil. Devo enfatizar que não citei a parte artística, que existe nestas multinacionais mas que é regida pelo dinheiro e não simplesmente pelo “bom gosto” ou “pelo bem da música nacional”.

Outra coisa. No final do texto, Maria Luiza cobra das gravadoras brasileiras Biscoito Fino e Trama uma postura contra a cobrança do tal “dízimo”. Pedido que acho injusto uma vez que tanto Trama quanto Biscoito Fino também são negócios e precisam dar lucro. E mais: Trama é bancada pelo grupo VR; Biscoito Fino tem investimentos do banco Icatu, ou seja, são ainda mais atreladas a necessidade de um caixa que não fique no vermelho por muito tempo sob o risco de ver a torneirinha fechada.

Resumindo, não dá pra generalizar, simplificar e dizer quem é o bom, quem é o mau e quem é o feio. Vamos deixar o capitalismo fazer seus milagres e os businessmen da música se resolvem. Cobrar o tal dízimo pode parecer injusto para mim e para a Maria Luiza, mas não vamos esquecer que a música está virando, agora mais do que nunca, um negócio (arriscado).

Sugiro a leitura do texto abaixo, publicado em 03/08/2005 no site Punknet e que terá a parte 2 na próxima semana, desmistificando esta divisão entre bons e maus.

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