Vários amigos e conhecidos, várias bandas mandaram emails e ligaram para falar do Fábio. Alguns mais próximos escreveram textos. Fábio Leopoldino, vocalista e guitarrista do Second Come, Eterno Grito, Stellar e Polystyrene, faleceu repentinamente na segunda feira passada, dia 11 de maio, de ataque cardíaco. Sempre esteve bem de saúde, por isso o nosso susto.

Fazia alguns anos que Fábio morava em Valença, no interior do Rio de Janeiro. Fazia ainda mais tempo que ele não tocava ou gravava com qualquer banda. A última vez que eu vi o Fábio tocar foi no festival Algumas Pessoas tentam te Fuder de 2004, quando ele subiu ao palco com o Stellar e tocou 3 músicas.  Pela distância, todos os amigos levaram um susto.

Eu ainda não me refiz do susto. Até porque continuam chegando várias manifestações de pessoas de todos os cantos. Isso é reconfortante e eu acho importante reproduzir aqui algumas delas:
Alexandre Matias para o Trabalho Sujo;

– o amigo Alex L.C., que sempre acompanhou o midsummer madness:
po… :_(
ainda outro dia eu citei o fabio, repetindo uma resenha da bizz q dizia q se ele tivesse nascido em qq buraco da inglaterra, seria muito mais conhecido do q pelos poucos brasileiros q ainda teimam em ouvir rock de qualidade…
triste…
paz pra ele, q se foi… e pra familia tb…

– o Lê Almeida, da Transfusão Noise, que inclusive tocou uma música do Second Come no Amigo Oculto do mm em dezembro de 2008:
Nossa!
essa foi a pior noticia de 2009 pra mim, utimamente cheguei a trocar e-mails com o Fábio e ele foi super gente fina e até chegou a me passar umas letras do Second Come
Luto!

second_come_cartaz_show.jpgCadu Pilotto, baterista do Stellar:
Fico muito triste com essa notícia.
Foi um grande companheiro no Stellar que sempre nos estimulava a criar. Dono de um senso de humor raro, de uma inteligência e de um talento enormes. Pessoa intrigante em vários momentos e sempre apaixonado pelo que fazia.
Acho que ficamos todos um pouco órfãos…

Marquinhos, do Dead Poets:
Realmente fiquei muito triste com a notícia porque o Second Come foi uma das minhas maiores influências quando comecei a tocar (DEAD POETS / MR. SPACEMAN) no meio dos anos 90.
Fica aqui registrado o meu luto.
Marquinhos

Ricardo Cury, ex-baterista do brincando de deus e ZecaCuryDam:
Triste notícia. Não o conhecia pessoalmente, mas ouvi muito suas bandas. Tanto Second Come como Stellar, que deve ter sido a fita-demo mais ouvida por mim.

Pedro Paulo, guitarrista Luisa mandou um beijo:
Muito triste essa notícia. Eu tmb nao sei nem oque falar. E nesses momentos nem adianta falarmos muito. qualquer som ecoa no vazio e no pão seco q fica no peito. Um grande abraço p/ quem conheceu ele pessoalmente e p/ família dele. hoje o luto dói mais, principalmente neles. Ouvi muito second come nos anos 90.

Carol Vaz, baixista do Private Dancers:
Conheci o Fabio qndo eu tinha uns 12, 13 anos. Nessa época ele foi meu professor de desenho em Niterói, e pouco depois voltou a minha casa para me dar também aulas de violão. Se hoje eu trabalho com direção de arte e tbm com música, eu devo muito disso à ele. Era um cara incrível, um grande amigo e um excelente professor, ajudou mto na minha formação. Muitos anos depois, ainda cheguei a encontra-lo algumas vezes na rua, mas já não tinha mais contato com ele. Minha família toda sabia quem era “O” Fabio Leopoldino. Ele era mto querido, lembrado até hoje lá em casa, e sempre falei dele com mta saudade da época em que eu era pirralha e ele levava pra mim seus desenhos e suas músicas. O cara era foda.

Gustavo Seabra, guitarrista da Pelvs:
Triste noticia.
Tem gente que passa a vida inteira sem conhecer um genio.
Me orgulho de dizer que,eu nao.E sem nenhuma postuma hipocrisia! Muita gente deve muito do que eh a esse cara,inclusive eu. Que pena!

Sol Moras, guitarrista Stellar e Enseada Espacial, escreveu este texto lindo, na íntegra aqui. Roubei um trechinho:
Pintava pra caramba, escrevia contos, fazia animações e calculou a numerologia de todos nós. Tudo com uma energia verdadeiramente generosa, que instigava a gente a criar constantemente. Era como um irmão mais velho e mais sábio. Quando o Lariú chamou o Stellar pra abrir pro Stereolab, rolou uma certa tensão, porque ele não queria tocar as músicas, queria subir no palco e simplesmente improvisar. Era uma idéia corajosa, mas nós – inseguros e imaginando que as pessoas fossem gostar de ouvir aquelas músicas que, afinal de contas, eram tão boas – o convencemos a ensaiar (a quanto custo!) e tocar aquelas coisas mais “tradicionais”. Ele cedeu, mas nem tanto. Quando o Tom Leão quis fazer uma foto e uma matéria no O Globo com a gente sobre o show, ele simplesmente não apareceu na sessão. “Tô muito velho pra isso”, ele sempre dizia quando algo não o agradava.

Tom Leão (O Globo), Leandro Ferreira (guitarrista Stellar), Gilberto Custódio e Dodô (ex-baterista da Pelvs) também escreveram a respeito. Leia mais aqui

second_come_pb_boaviagem.jpgEduardo Ramos (Slag):
Acho que a pior parte de saber que o Fábio Leopoldino está morto é o fato de que em vida, pouco foi falado sobre certamente uma das figuras chave do rock independente brasileiro. E o mais triste é imaginar que pessoas precisam morrer para receber sua devida atenção?

Com o Second Come, Fábio(e os outros membros da banda, que não podem ser ignorados) deram esperança para outras bandas. Lembro até hoje da história de que a Wijja iria lançar o disco deles na Europa. Se hoje em tempos de internet e globalização isso já seria um fato, na época isso soa como algo impensável. Mas o fato é que na virada de 92/93 por causa da maior banda indie de todos os tempos chamada Nirvana, existiu uma esperança de que algo poderia acontecer. E esta força alimentou uma geração toda que hoje em dia criou o tal “novo mainsteram”(copyright Matias), que simplesmente não existiria sem caras como Fábio Leopoldino.

Historicamente, não existem dúvidas de sua importância. Mas deixando isto de lado, chega a ser criminoso a falta de conhecimento da genialidade de Fábio, seja com o Second Come ou com o Stellar. Sempre lembro do Lariu falando que se a primeira fita do Stellar fosse um disco e a internet na época uma realidade, a história poderia ser outra. Eu não tenho dúvida. Em certo momento, o Stellar passou a fazer ainda mais sentido(98/99), sua lenda de ter lançado apenas um K7 e raros shows, tornou a banda ainda mais interessante. Os discos que seguiram depois da estréia – especialmente a obra prima Ultramar – só reforçaram este fato. Sobre o Second Come, a ferida é ainda mais profunda… ao contrário do Pin Ups e do Killing Chainsaw, que claramente derivaram da cena pós-punk(relativamente estruturada) de São Paulo, o Second Come brotou de uma pedra e criou um submundo em torno de sua existência que poderia ser tranquilamente objeto de uma tese de mestrado. Um dia alguém conta esta história.

Francisco Mitkus (Volume 1):
Noticia triste. Second Come no antigo Sub-Club do Columbia em SP foi um dos melhores shows, ou melhor nacional que vi na vida…

Ainda enviaram condolências: Dado Villa-Lobos, Tárik de Sousa, Abonico Smith, André Pomba Cagni, Fabrício Nobre, Leonardo Bigode, Jorge Luiz (programa Geléia Moderna), Karine Alexandrino, Adriane Perin, Alê Briganti (Pin Ups, MTV), Tito Figueiredo (Paradiso/ Casa da Matriz), Marcos Bocayuva (Sportv/ Zona de Impacto).

Jornal do Brasil, Rolling Stone e O Globo publicaram notas nas suas edições online.

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